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Estudo brasileiro descobre fator decisivo na extinção dos tigres-dente-de-sabre

A análise com dados de várias espécies mostrou que uma característica específica é comum na extinção de muitas espécies desses mamíferos icônicos.

Por Eduardo Lima
Atualizado em 25 jul 2025, 14h35 - Publicado em 24 jul 2025, 19h00

O último tigre-dente-de-sabre morreu há cerca de 10 mil anos. Ele não foi o único: na grande extinção de megafauna do Pleistoceno, que ocorreu entre 50 mil e 11 mil anos atrás, várias espécies de animais gigantes desapareceram da Terra por motivos que incluem mudanças climáticas e a ação humana. Agora, um novo estudo brasileiro investigou o que causou a extinção dos dente-de-sabre.

“Quando falamos de tigres-dente-de-sabre, estamos geralmente nos referindo a duas espécies específicas do gênero Smilodon que ocorreram até por volta de 10 mil anos atrás nas Américas”, explica Mathias Pires, professor de biologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Ele é um dos autores do novo estudo, que surgiu da pesquisa de doutorado do João Nascimento, seu orientando.

Uma dessas espécies era o Smilodon populator, que habitava a América do Sul e pesava mais de 300 kg, bem maior que um tigre atual. O grupo dos dente-de-sabre, porém, é bem maior e mais antigo, com várias espécies que ocuparam as Américas, a África e a Eurásia. Todas apresentavam os característicos dentes caninos compridos.

No novo estudo, os pesquisadores da Unicamp incluíram dados de mais de 20 espécies de tigres-dente-de-sabre, que habitaram a América do Norte e a Eurásia durante milhões de anos.

No artigo, publicado na revista científica Journal of Evolutionary Biology, os pesquisadores brasileiros fizeram uma análise estatística a partir dos registros fósseis de várias espécies de dente-de-sabre para entender como a disponibilidade de presas influenciou a extinção desses animais num período de 20 milhões de anos.

Sem comida, sem dente-de-sabre

Cada uma dessas muitas espécies de tigre teve sua própria história e causa para extinção. A hipótese mais aceita para explicar o fim dos últimos dente-de-sabre tem a ver com a extinção de outros animais da megafauna. Por causa da estrutura óssea e da dentição desses tigres, os cientistas acreditam que eles comiam presas grandes, como mamíferos ou aves terrestres. Sem esses herbívoros enormes, os predadores perderam seu cardápio habitual.

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A extinção dos últimos dente-de-sabre, então, provavelmente aconteceu por causa da falta de presas, com as populações diminuindo até não sobrar mais ninguém.

Mas não só. No caso da pesquisa de Nascimento e Pires, eles não olham só para essas últimas espécies, mas para os tigres-dente-de-sabre no geral. “O que concluímos nesse estudo é que essa limitação de quantidade de presas pode ter sido importante durante toda a história do grupo”, explica Pires.

Usando dados paleontológicos e de variação de clima da América do Norte e da Eurásia disponíveis em plataformas de livre acesso, os pesquisadores conseguiram fazer análises estatísticas robustas que mostram que algumas dessas espécies de dente-de-sabre geralmente se extinguiam quando estavam em um momento de menor disponibilidade de presas.

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O período de declínio da diversidade dos tigres-dente-de-sabre coincide com mudanças que deixaram o clima mais árido, o que colaborou para diminuir a quantidade de presas dos predadores – sem habitat e comida, o número de herbívoros diminui.

Isso significa que a hipótese de falta de presas para a extinção dos últimos dente-de-sabre, do gênero Smilodon, pode explicar não só um caso, mas sim “a história do grupo ao longo de milhões de anos”. Por causa de mudanças do clima ou fenômenos geológicos no decorrer desse tempo, a quantidade de presas e herbívoros nos ecossistemas diminuiu, e “os predadores acabaram se dando mal”.

“Quanto menos presa disponível, maior a chance dos predadores se extinguirem ao longo da história evolutiva desse grupo”, explica Pires. E isso pode ser importante para nós hoje, mesmo num mundo sem nenhum tigre-dente-de-sabre.

O estudo mostra a importância de fatores pequenos que moldam a diversidade do planeta em longas escalas de tempo. Mudanças aparentemente pequenas podem causar impactos gigantes ao longo de uma linhagem evolutiva.

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Mudanças do clima que transformam uma área com vegetação também estão transformando a relação entre as espécies que vivem ali. Hoje, as atividades humanas que estão modificando o meio ambiente estão acontecendo em tempo recorde.

“Sem dúvida estamos alterando as trajetórias e tendências de vários grupos, seja favorecendo alguns ou diminuindo o sucesso de outros”, afirma Pires. O problema é que só vai dar para saber quais espécies foram extintas pelas ações de hoje daqui a muito tempo – que nem esses cientistas estão descobrindo com os tigres-dente-de-sabre de milhões de anos atrás.

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