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Encontrado esqueleto formado por ossos de cinco pessoas que viveram ao longo de 2.500 anos

Arqueólogos achavam que os restos mortais eram da época do Império Romano, mas nova análise mostrou uma colcha de retalhos de indivíduos e épocas diferentes.

Por Eduardo Lima
Atualizado em 7 nov 2024, 17h01 - Publicado em 7 nov 2024, 16h00

Um esqueleto encontrado num crematório da época do Império Romano na Bélgica é, na verdade, uma colcha de retalhos fóssil. O achado dos arqueólogos não é formado por restos de uma pessoa só, e sim a junção dos ossos de cinco pessoas que viveram em três milênios diferentes.

Esse Frankenstein foi descoberto na cidade de Pommerœul, no sudoeste da Bélgica, perto da fronteira com a França. Uma escavação do cemitério da cidade, durante a década de 1970, revelou 76 túmulos de pessoas cremadas e um esqueleto deitado em posição fetal. Artefatos encontrados no local sugeriram que os sepultamentos aconteceram entre os séculos 2 d.C. e 3 d.C., em pleno Império Romano.

O esqueleto deitado em posição fetal era algo estranho para os padrões romanos, mas havia um alfinete próximo ao crânio, feito de ossos, muito parecido com outros artefatos encontrados em cemitérios romanos. Por muito tempo, então, ninguém questionou a conclusão de que aquilo era um sepultamento ligado ao Império.

Em 2019, uma datação por radiocarbono confirmou que todas as cremações da cidade eram de fato do período romano. Mas houve uma exceção, um verdadeiro plot twist: o esqueleto intacto em posição fetal vinha de três pontos diferentes do período Neolítico, que durou entre 7000 a.C.e 3000 a.C.

Eram os restos mortais de um viajante do tempo? Não. Na verdade, o “esqueleto intacto” não era tão intacto assim, já que tinha sido montado com os ossos de cinco pessoas diferentes, e os donos dos ossos viveram em momentos diferentes de um período de 2500 anos.

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Por que os romanos fizeram isso?

A descoberta foi descrita no periódico Antiquity. O esqueleto passou por análises de radiocarbono e do sequenciamento de DNA que conseguiu ser recuperado. A construção desse esqueleto provavelmente se deu de uma vez só, mas alguns ossos espalhados ao redor indicam que aquele pode ter sido um túmulo que as pessoas continuaram visitando.

Fotos do esqueleto encontrado na Bélgica
(Paumen, Wargnies and Demory, Fédération Wallonie-Bruxelles/Reprodução)

É possível que mais de cinco indivíduos tenham emprestado seus ossos para fazer parte do esqueleto. Porém, só cinco foram confirmados usando DNA. O crânio é a parte mais recente da mistureba fóssil: ele pertenceu a uma mulher na era romana, entre os séculos 3 d.C. e 4 d.C.

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Mas por que isso aconteceu? É possível, de acordo com os pesquisadores, que os romanos tenham invadido uma sepultura neolítica para enterrar seus mortos cremados e só deixado um crânio para trás. A outra hipótese é que os romanos construíram esse esqueleto propositalmente, como se fosse um brinquedo Lego.

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Para os cientistas, a figura de indivíduo formada pelo esqueleto foi claramente intencional. A motivação dos romanos, porém, é impossível de saber. Os pesquisadores levantam as hipóteses de que talvez fosse uma superstição, uma prática religiosa ou uma tentativa de se conectar às pessoas que ocuparam aquela região antes deles.

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