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Esgotamento dos recursos naturais

O mundo está em crise. O uso excessivo dos recursos do planeta pelos humanos está levando a Terra a uma situação de risco nunca vivenciada antes. Pela primeira vez na história, uma espécie pode ser responsável por uma extinção em massa

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h49 - Publicado em 26 Maio 2012, 22h00

Alessandro Greco e Denise Barros

A Organização Mundial do Comércio (OMC) afirma em seu relatório World Trade Report – Natural Resources que recursos naturais são “estoques de materiais existentes em ambiente natural que são escassos e economicamente úteis”. Ou seja, se forem usados de forma excessiva (e estão sendo) terminarão e teremos (já temos um) problema dos grandes.

Nesses recursos naturais não estão incluídos apenas petróleo, gás natural ou carvão. Alimentos também fazem parte dele assim como a água potável, o bem mais necessário à continuidade da vida de boa parte dos animais, homens principalmente. O responsável por tudo isso é nossa espécie. A situação é tão grave que, em março, cientistas liderados por Anthony Barnorsky, da Universidade de Berkeley, na Califórnia, Estados Unidos, publicaram um estudo mostrando que estamos caminhando a passos largos na direção da sexta extinção em massa, uma situação na qual 75% das espécies do planeta simplesmente deixarão de existir.

Nos últimos 540 milhões de anos, esse fenômeno ocorreu apenas cinco vezes. A última extinção em massa, 65 milhões de anos atrás, dizimou, entre outros, os dinossauros, e foi fruto da queda de um asteroide na Terra (leia mais na pág. 48). Na avaliação dos pesquisadores, o extermínio pode ocorrer em um período que varia de 22 mil a 600 mil anos, um tempo ínfimo do ponto de visto geológico. O curioso, para não dizer trágico, é que o homem provavelmente sobreviveria à hecatombe, segundo os pesquisadores, apesar de ser ele o causador da desgraça devido ao uso excessivo dos recursos naturais do planeta. Veja nas próximas páginas oito recursos que estão a perigo.

ÁGUA

O abastecimento de água doce do planeta está ameaçado e, em consequência, nossa sobrevivência também. Quem alerta é a Organização das Nações Unidas (ONU). Mais de 1 bilhão de pessoas (18% da população mundial) não têm acesso a uma quantidade mínima de água para consumo. Agora, se mantivermos nosso padrão de consumo e de devastação do meio ambiente, o quadro irá se agravar muito rapidamente. Em 2025, dois terços da população do planeta (5,5 bilhões de pessoas) poderão ter dificuldades de acesso à água potável. Em 2050, o número pode chegar a 75% da humanidade.

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ALIMENTOS

Estimativas da FAO, braço da ONU para a agricultura e a alimentação, mostram que para alimentar a população humana em 2050 – até lá seremos 9,1 bilhões de terráqueos – a quantidade de alimentos produzidos no planeta deve aumentar em 70%. É um número e tanto. Porém, segundo a FAO, será possível alcançar essa meta. As dificuldades são muitas, entre elas o aquecimento global, que prejudica a produção agrícola de muitos países (vide o caso da Rússia na pág. 40). Em tempo: dados também da FAO mostram que atualmente um em cada seis habitantes do planeta passa fome, quase 1 bilhão de pessoas.

PETRÓLEO

O ouro negro vai acabar um dia. Não sabemos ainda quando, mas a Agência Internacional de Energia publicou em seu relatório anual World Energy Outlook, de 2010, que a produção de petróleo deve atingir seu pico por volta de 2035. Depois disso será ladeira abaixo. Ninguém sabe ainda com qual velocidade, mas que vai acontecer, vai. Ou seja: um dia, o mundo terá de viver sem petróleo, o que talvez não seja uma má ideia. O problema: a matriz energética planetária ainda é pesadamente dependente de combustíveis fósseis.

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TERRAS RARAS

Um grupo de 17 elementos químicos, todos eles metais, pode fazer um grande estrago se começar a faltar. E a possibilidade de isso acontecer é grande. Conhecidos como terras raras, são usados em boa parte dos equipamentos eletrônicos e 95% da produção mundial está na mão da China – o Brasil participa com 0,5%. Ano passado, os EUA anunciaram que têm 13 milhões de toneladas cúbicas em seu território. Quanto de terra rara os EUA produziram em 2010? Zero. Este ano, a China deixou de exportá-las por um tempo para o Japão por razões políticas.

CARVÃO

Entre os combustíveis fósseis, o carvão é o que tem reservas espalhadas pelo maior número de países. Atualmente, mais de 100 têm em seu solo reservas comprovadas. As maiores estão nos Estados Unidos, Rússia, China, Índia e Austrália. Mas, como todo combustível não renovável, o carvão um dia também terá fim. Nesse caso, há até mesmo uma data estipulada: daqui a exatos 119 anos, se o consumo continuar na velocidade atual, segundo a World Coal Association. É o mesmo problema do petróleo: nossa matriz energética ainda depende maciçamente de combustíveis fósseis.

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COBRE

O cobre é um dos metais mais utilizados pelo homem e deu início à Idade dos Metais. Está presente em cabos elétricos, equipamentos eletrônicos, joias, entre outros. Ao contrário de outros materiais não renováveis, o cobre é reciclável. O aumento de seu uso nos últimos anos, porém, tem sido estrondoso e chegará a um patamar em que a capacidade humana de extraí-lo do solo será menor que a demanda por ele. O cientista Tom Graedel, da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, e colegas calcularam que isso irá acontecer em 2100. O que acontecerá então? A verdade é que ninguém sabe.

GÁS NATURAL

Utilizado em indústrias e por automóveis, o gás natural é mais um combustível fóssil e portanto vai, um dia, terminar. A previsão é que isso ocorra antes do carvão, daqui a 45,7 anos, segundo dados da BP Statistical World Review 2010, apesar de o uso de gás natural ter caído 2,1% em 2009 (os dados de 2010 ainda não foram publicados). É importante lembrar que o estudo da BP leva em conta apenas as reservas de gás natural confirmadas e com possibilidade futura de uso – o que alivia, mas não resolve a questão.

HÁFNIO

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Até 2007, ninguém dava muita bola para o metal háfnio, a não ser os fabricantes de varetas de combustível nuclear que o usam em sua composição e os de aços super-resistentes, pelo mesmo motivo. Naquele ano, a Intel anunciou que passaria a utilizar o material na fabricação de microprocessadores. Desde então, o mundo se pergunta até quando haverá háfnio. Não há atualmente sequer uma resposta para o tamanho da produção de háfnio no mundo. Ou seja: o homem criou uma necessidade mas não sabe como supri-la.

 

 

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