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Entenda o que é um voo “suborbital” como o realizado pela Virgin Galactic

O bilionário Richard Branson inaugurou a era do turismo espacial com uma visitinha de médico à fronteira do espaço. Mas seu objetivo não foi entrar em órbita – para isso, ele precisaria ir muito mais rápido.

Por Luisa Costa
Atualizado em 12 jul 2021, 23h48 - Publicado em 12 jul 2021, 21h26

No último domingo (11), o bilionário Richard Branson e sua tripulação se tornaram os primeiros seres humanos a alcançar o espaço em um nave projetada exclusivamente para a iniciativa privada. Branson é fundador da Virgin Galactic – empresa que, no futuro próximo, planeja oferecer voos suborbitais a cidadãos endinheirados que queiram ver a Terra de longe e flutuar por alguns minutos à revelia da gravidade.

O voo pioneiro do turismo espacial durou 20 minutos e levou Branson e outros cinco tripulantes a 86 km de altitude –  para comparar, um avião comercial comum voa a aproximadamente 10 km. São 6 km acima da linha de 80 km considerada pela Nasa “fronteira” do espaço; outras instituições preferem 100 km. Nessa altitude, a atmosfera praticamente não existe de tão rarefeita. 

Foi um passeio bem diferente das viagens espaciais que levam e trazem astronautas da Estação Espacial Internacional (ISS) – como você, leitor, pode ter imaginado pela duração modesta.

O tipo de voo que a Virgin Galactic fará com sua clientela acontecerá em uma velocidade relativamente baixa, insuficiente para acessar uma órbita estável em torno da Terra. É uma visitinha de médico ao espaço. O momento em que a sensação de peso desaparece e torna-se possível flutuar dura só 3 minutos (é impreciso usar o termo “gravidade zero”; o correto é “imponderabilidade”).

Vamos entender como tudo aconteceu.

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Branson e os demais tripulantes voaram a bordo de uma nave batizada como VSS Unity, do modelo conhecido como SpaceShipTwo – desenvolvido pela própria Virgin Galactic em parceria com outra empresa. A VSS Unity se lançou horizontalmente a partir de um avião que já estava a 15 km de altitude – um método bem diferente dos voos espaciais que estamos acostumados a ver, em que um foguete é lançado do chão na posição vertical.

Veja a foto abaixo: a SpaceShipTwo fica alojada no vão entre as duas fuselagens, atada à longa asa. Ela permanece desligada até o momento do lançamento – na subida até os 15 km de altitude, os quatro motores dessa aeronave peculiar fazem todo o serviço. Só depois as duas estruturas se separam e os foguetes da SpaceShipTwo assumem a missão de levá-la à borda do espaço.

Imagem de uma das naves da Virgin Galactic.
(Virgin Galactical/Divulgação)
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Abaixo, você vê a transmissão ao vivo, com todas as etapas da decolagem. O momento exato da separação ocorre no minuto 54.

 

O voo foi suborbital: a nave de Branson alcançou o espaço mas não permaneceu por lá, em órbita, por não ter uma velocidade grande o suficiente. 

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Para entender melhor, imagine uma bola sendo lançada no nível do solo. Na velocidade de lançamento que a sua mão é capaz de impor, ela viaja pelo ar em uma trajetória de arco e volta para a terra. Agora imagine que a bola é acoplada em um pequeno foguete que a faz viajar super rápido. A velocidade de lançamento de bolinha hipotética seria tanta que ela cairia continuamente ao redor do planeta, porque seu arco seria semelhante à curvatura da Terra. É assim que as coisas entram em órbita: na verdade, elas estão caindo para sempre, sem nunca bater no chão. 

Para alcançar uma órbita de 200 km de altitude, você precisa atingir 28 mil km/h. Um voo suborbital requer velocidades muito mais baixas. Para alcançar os mesmos 200 km sem permanecer por lá, a velocidade é de 3,7 mil km/h. Nesse caso, o veículo não tem velocidade horizontal suficiente para se manter no espaço. Ele acaba voltando para a Terra graças à atração gravitacional.

Nave voando vista de cima, com a Terra no fundo.
(Virgin Galactical/Divulgação)
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Foi o caso da VSS Unity, cujo voo durou 20 minutos. O trajeto completo, contando o período inicial que a nave passa acoplada ao avião, levou 1 hora. O avião decolou em um espaçoporto construido pela própria empresa no Novo México, nos Estados Unidos. A VSS Unity acionou seus foguetes em pleno ar às 12h25 e o pouso, no mesmo local da decolagem, aconteceu às 12h41 (horário de Brasília).

“Estamos aqui para tornar o espaço mais acessível a todos. Queremos transformar a próxima geração de sonhadores nos astronautas de hoje e de amanhã”, afirmou o bilionário em entrevista coletiva após o voo. A Virgin Galactic quer iniciar viagens em 2022 e até agora vendeu passagens para cerca de 600 pessoas pela pechincha de US$ 250 mil.

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