Encontraram um rabo de dinossauro intacto. E ele tem penas
Fóssil encontrado em Mianmar passou quase 100 milhões de anos preservado em âmbar - e estava para ser vendido como joia.
99 milhões de anos: essa é a idade da cauda de dinossauro com penas mais completa já encontrada. O rabo, preservado em âmbar, foi descoberto em Mianmar, no sudoeste da Ásia – e, se não fosse salvo por paleontólogos da Universidade Chinesa de Geociência, seria vendido como joia.
A região em que o fragmento foi achado é riquíssima em fósseis preservados em âmbar do período Cretáceo (o mesmo do tiranossauro e do velociraptor), possivelmente a maior reserva do tipo do mundo. Mesmo assim, a descoberta não passou de pura sorte: em uma pilha de resinas que estavam à venda como pedras semipreciosas em um mercado local, os pesquisadores encontraram a amostra, que já tinha sido lixada e remodelada pelos vendedores.
Para a alegria dos paleontólogos, porém, as modificações na resina não estragaram o fóssil, e até permitiram que eles estudassem os componentes químicos do interior do âmbar sem ter que perfurar ou quebrar a amostra. Nessa análise, os pesquisadores descobriram rastros de ferro, que dão pistas sobre a pigmentação e a textura da pele do dinossauro.
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A amostra translúcida tem mais ou menos o tamanho e o formato de um pêssego seco. Dentro dela, os cientistas encontraram um pedaço de rabo de 35 cm, com todos os ossos e tecidos intactos, e coberto de penas. Usando raio-x e microscópios, descobriram também que a cauda tem 25 vértebras articuladas, o que riscou a possibilidade daquilo ser parte de uma ave pré-histórica, animais que tinham vértebras não articuladas que facilitavam o voo. Baseados nessas evidências, os caras concluíram: o dono do rabo era mesmo um dinossauro, e do subgrupo Coelosauria, que inclui desde os tiranossauros até as aves modernas.
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A novidade não é que os gigantes pré-históricos tinham penas. Isso já é sabido pelo menos desde o início dos anos 90, quando amostras de partes desses animais emplumados foram encontradas em várias partes da Ásia. O que surpreendeu os cientistas foi o rabo praticamente inteiro, com penas quase totalmente preservadas, e todas as estruturas ósseas no lugar – um achado que pode ajudar os pesquisadores a entender melhor do que nunca como se deu a evolução desses bichões para os dinossauros que conhecemos hoje: as aves – porque, afinal de contas, das quase 10 mil espécies de aves que existem, todas são descendentes diretas dos dinossauros.
Mas, segundo os cientistas, o dono da cauda achada em Mianmar não era capaz de voar: as penas eram bagunçadas demais, e o formado do rabo, comprido e curvo, dificultaria o equilíbrio no ar. A hipótese mais aceita é que as penas desse dinossauro específico serviam apenas para regular a temperatura do bicho.