Apesar de dinossauros serem considerados os antepassados diretos dos pássaros modernos, segundo novas pesquisas, eles tinham uma grande diferença dos bichos voadores de hoje em dia: eles não cantavam. A descoberta foi feita a partir da análise de fósseis – mais precisamente da procura por siringes, o órgão responsável pelo canto em aves. Ele nunca foi encontrado em animais que viveram antes de 66 milhões de anos – e mesmo nessa ocasião já existiu em um parente dos gansos. Tudo indica que dinossauros, portanto, não teriam as ferramentas para se arriscar na cantoria.
A descoberta indica que a capacidade de cantar tenha se desenvolvido em um ponto mais avançado da evolução dos pássaros, quando eles já estavam se diferenciando dos dinossauros. “Esse é um passo importante para descobrir qual é o barulho que os dinossauros faziam, além de dar pistas sobre a evolução das aves”, disse Julia Clarke, paleontóloga e autora da pesquisa.
A siringe mais antiga do mundo, datada do mesozóico, foi encontrado na espécie Vegavis igaai, que viveu onde hoje é a Antartica. A ave era uma espécie de tataravô dos gansos e já voava. Arqueólogos acreditam que ele soltava ganidos parecidos com uma buzina graças a uma siringe especialmente assimétrica. A descoberta foi feita comparando o órgão a 12 pássaros vivos.
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Geralmente, siringes não fossilizam bem, pois são compostos por anéis de cartilagem. Esses anéis servem de suporte para um tecido mole que vibra com a passagem do ar, isto é, com a cantoria. Há esperanças, portanto, de que o órgão seja encontrado em espécies mais antigas também – embora isso nunca tenha acontecido até agora.