Ícone de fechar alerta de notificações
Avatar do usuário logado
Usuário

Usuário

email@usuario.com.br
Semana do Cliente: Revista em casa por 9,90

Dinossauros de pescoço longo conseguiam se erguer sobre duas patas, revela estudo

Comportamento poderia ser usado para defesa, alimentação e reprodução, diz pesquisa com participação de brasileiros.

Por Manuela Mourão
25 ago 2025, 08h00

Durante milhões de anos, os saurópodes – os gigantes de pescoço longo como o Brachiosaurus e o Dreadnoughtus – foram os maiores animais terrestres do mundo. Geralmente são representados como criaturas pesadas que caminham lentamente sobre quatro patas, mas, agora, esses colossos ganham uma nova dimensão: uma pesquisa brasileira sugere que esses animais podiam, sim, se erguer sobre as patas traseiras.

Em um estudo recente publicado na revista Paleontology, uma equipe liderada pelo paleontólogo Julian Silva Júnior, da Unesp, empregou técnicas de simulação digital para testar se os saurópodes conseguiam sustentar uma posição bípede.

“Esse comportamento está presente em todos os quadrúpedes modernos, seja para alimentação, acasalamento ou defesa”, explica Silva Júnior para o Jornal da Unesp. “Mas até recentemente não havia tecnologia suficiente para testar se os saurópodes também conseguiam.”

A equipe utilizou fêmures fossilizados de sete espécies diferentes, que foram digitalizados em 3D e restaurados virtualmente. Em seguida, aplicaram a chamada análise por elementos finitos (FEA), uma técnica comum na engenharia para testar a resistência de estruturas antes de serem construídas.

Com esse recurso, foi possível simular as forças externas (como o peso do próprio corpo) e internas (como a tensão gerada pelos músculos) que atuariam sobre os ossos se o animal tentasse se erguer. Até mesmo as cicatrizes deixadas pelos músculos nos ossos, conhecidas como “acidentes osteológicos”, foram usadas para reconstruir a provável anatomia da musculatura.

Continua após a publicidade

Os resultados mostraram que todas as espécies testadas tinham a capacidade de se erguer em duas patas. Porém, havia diferenças marcantes: saurópodes menores, como o Neuquensaurus (com cerca de seis metros de comprimento e até seis toneladas), apresentavam ossos mais robustos e suportavam melhor o esforço. Já o colossal Dreadnoughtus, que podia ultrapassar 60 toneladas, sofria estresses 16 vezes maiores no fêmur, o que tornava o movimento possível, mas muito menos eficiente.

“Faz sentido que animais maiores tivessem mais dificuldade”, comenta Felipe Montefeltro, coordenador do Laboratório de Paleontologia e Evolução da Unesp. “Mas, até agora, isso nunca tinha sido testado para os saurópodes”, disse para o jornal da universidade.

A postura bípede teria múltiplas funções. No Cretáceo, as florestas eram dominadas por araucárias que podiam ultrapassar 40 metros de altura. Mesmo para os pescoçudos, erguer-se era uma vantagem para alcançar folhas inacessíveis – uma estratégia ainda observada em elefantes modernos. Isso explicaria também a facilidade que os pescoçudos menores tinham para se erguer em duas patas: eles sim precisavam de uma ajudinha a mais para alcançar as folhas, em comparação com seus primos mastodônticos. 

Continua após a publicidade

Além da alimentação, os pesquisadores sugerem que o comportamento poderia estar ligado ao acasalamento e até à defesa. Ao se erguer, esses animais conseguiriam facilitar o contato reprodutivo ou adotar posturas de intimidação contra predadores e rivais.

Apesar de o estudo não encerrar o debate, ele abre caminho para uma reconstrução mais realista da biomecânica dos maiores animais terrestres que já existiram.

“Não temos equivalentes vivos dos saurópodes”, lembra Silva Júnior ao Jornal da Unesp. “O que torna muito interessante investigar questões biomecânicas, sobre como eles se erguiam, levantavam e abaixavam o pescoço ou usavam a cauda”.

Publicidade

Enquanto você lê isso, o [b] mundo muda [/b] — e quem tem [b] Superinteressante Digital [/b] sai na frente. Tenha [b] acesso imediato [/b] a ciência, tecnologia, comportamento e curiosidades que vão turbinar sua mente e te deixar sempre atualizado

Enquanto você lê isso, o [b] mundo muda [/b] — e quem tem [b] Superinteressante Digital [/b] sai na frente. Tenha [b] acesso imediato [/b] a ciência, tecnologia, comportamento e curiosidades que vão turbinar sua mente e te deixar sempre atualizado

OFERTA RELÂMPAGO

Digital Completo

Enquanto você lê isso, o mundo muda — e quem tem Superinteressante Digital sai na frente. Tenha acesso imediato a ciência, tecnologia, comportamento e curiosidades que vão turbinar sua mente e te deixar sempre atualizado
De: R$ 16,90/mês Apenas R$ 1,99/mês
ECONOMIZE ATÉ 63% OFF

Revista em Casa + Digital Completo

Superinteressante todo mês na sua casa, além de todos os benefícios do plano Digital Completo
De: R$ 26,90/mês
A partir de R$ 9,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a R$1,99/mês.