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Descoberto fóssil quase completo de “leão marsupial” extinto

O Thylacoleo carnifex ocupava a posição de um leão na cadeia alimentar. Mas com uma bolsa de canguru. Conheça mais esse easter egg australiano extinto.

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 14 dez 2018, 15h41 - Publicado em 13 dez 2018, 19h01

Ornitorrincos, coalas comedores de veneno, falcões vândalos e incendiários, um canguru musculoso chamado Roger, uma água viva com toxina suficiente para matar 60 pessoas e uma cobra que cobre o recorde e leva 100 com uma dentada só.

A Austrália não é para biólogos iniciantes – 30 milhões de anos de isolamento geográfico transformaram o misto de ilha e continente em um parque de diversões darwinista. 85% das plantas com flores, 84% dos mamíferos, 45% das aves e 89% dos peixes costeiros que existem lá só existem lá – e em mais lugar nenhum.

A lista acaba de ganhar mais um membro. Ainda que emérito. Rod Wells, especialista em vombates da Universidade Flinders, montou o primeiro esqueleto completo de um marsupial carnívoro de nome científico Thylacoleo carnifex, que foi extinto há 30 mil anos – muito, muito tempo antes da chegada dos primeiros naturalistas europeus, no século 18.

Na verdade, uma hipótese bem aceita é que ele tenha desaparecido graças às mudanças de habitat impostas pela chegada dos primeiros seres humanos à Austrália, há cerca de 40 mil anos. 

O animal, com 1,5 m de comprimento e mais de 100 kg, tinha todas as características exóticas dos marsupiais contemporâneos. A principal delas, uma bolsa abdominal para carregar os filhotes – que nascem com a aparência de um feto, de tão prematuros. É a bolsa, inclusive, que dá nome ao grupo: “marsúpio” vem do grego mársippos, que significa “bolsa”.

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Marsupial
(Roderick T. Wells / Aaron B. Camens/Reprodução)

Apesar disso, ele não se parecia em nada com o canguru – um herbívoro razoavelmente pacífico. Era mais próximo do famoso diabo-da-Tasmânia, o carnívoro pequeno e nervosinho que inspirou o personagem Taz. O carnifex era um caçador barra-pesada, no topo da cadeia alimentar. Atarracado feito um buldogue, tinha mandíbula forte e garras retráteis.

Embora sua anatomia não fosse boa para correr – uma das principais descobertas de Wells é que a coluna lombar do bicho era pouco flexível –, ele provavelmente era bom em armar emboscadas, subir em árvores e capturar animais maiores. Seu rabo, espesso e forte, era usado para formar um tripé com as patas traseiras, que o ajudava a se equilibrar ao estilo bípede quando os membros anteriores estavam sendo usados para outras funções.

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O carnifex foi descrito pela primeira vez em 1859 pelo famoso naturalista britânico Richard Owen, graças a um crânio e fragmentos de mandíbula encontrados no lago Colongulac, na província de Vitória, no sul da Austrália. Ele o descreveu como “uma das mais temíveis e destrutivas das bestas predatórias”. 

O nome científico Thylacoleo reflete a descrição: é uma espécie de trocadilho entre o grego thylakos, que também significa “bolsa” ou “saco”, e leo, que significa, naturalmente, “leão”. Ou seja: leão com saco.   

Bem-vindo então, leão com saco, ao hall de esquisitices australianas. Qualquer dia a gente te vê no museu.

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