“Descoberta única”: o fóssil mais antigo e completo de dinossauro raro na Mongólia
O fóssil de um dino adolescente revela uma nova espécie e preenche lacunas na história do misterioso grupo dos paquicefalossauros
Em Khuren Dukh, no deserto de Gobi, na Mongólia, um crânio foi encontrado incrustado na superfície de um penhasco. Era como se o fóssil do dinossauro estivesse aguardando ser encontrado pelo paleontólogo Tsogtbaatar Chinzorig. A descoberta revela uma nova espécie que preenche lacunas na história dos paquicefalossauros,
“Os paquicefalossauros são dinossauros icônicos, mas também são raros e misteriosos”, diz Lindsay Zanno, chefe de paleontologia do Museu de Ciências Naturais da Carolina do Norte que participou do estudo do achado, em comunicado. “Este espécime é uma descoberta única na vida.”
A nova espécie foi chamada de Zavacephale rinpoche, que é a combinação de zava, que significa “raiz” ou “origem” em tibetano, e cephal, que significa “cabeça” em latim. Já, rinpoche significa “precioso” em tibetano e faz referência a forma com que o crânio foi encontrado, como uma joia. O nome significa, então, algo como cabeça original preciosa.
Os paquicefalossauros viveram há cerca de 108 milhões de anos, mas o Z. rinpoche encontrado é cerca de 15 milhões de anos mais antigo que todos os outros já conhecidos. Além disso, o seu esqueleto é o mais completo.
Esses animais eram herbívoros e não muito grandes: tinham dimensões parecidas com um carro Fiorino: pouco mais de 4 metros de comprimento e 2 de altura, com cerca de 400 quilos. Assim como outros herbívoros, eles engoliam pedras para facilitar a trituração dos alimentos no sistema digestivo.
“Os materiais recém-recuperados do Z. rinpoche, como os elementos das mãos, as pedras estomacais (gastrolitos) e uma cauda articulada com tendões cobertos, reformulam nossa compreensão da paleobiologia, locomoção e plano corporal desses dinossauros ‘misteriosos’”, explica, no mesmo comunicado, Chinzorig, que é autor principal do novo estudo, publicado hoje (17) na revista científica Nature.
Mas há outro traço importante e muito mais marcante deste grupo: seus crânios são abaulados. “O consenso é que esses dinossauros usavam o abaulamento para comportamentos sociosexuais”, diz Zanno. “Os abaulamentos não teriam ajudado contra predadores ou para regulação da temperatura, então provavelmente eram para se exibir e competir por parceiros.”
Apesar do crânio deste espécime já estar totalmente formado, uma fina fatia do osso da perna revelou que o animal ainda era jovem quando morreu – um dino adolescente.
A utilidade reprodutiva do formato do crânio pode explicar porque ele se desenvolvia mais rápido que o resto do corpo. “Se você precisa bater com a cabeça para conseguir um relacionamento, é uma boa ideia começar a treinar cedo”, brinca Zanno.
Não é fácil determinar se um fóssil pertence a um animal jovem, que não terminou de se desenvolver completamente, ou a uma outra espécie completamente diferente. Este é só um dos dilemas de classificação de espécies que a paleontologia precisa decifrar.
“Nós determinamos a idade dos dinossauros observando os anéis de crescimento nos ossos, mas a maioria dos esqueletos de paquicefalossauros são apenas crânios isolados e fragmentados”, explica Zanno. “O Z. rinpoche é uma descoberta espetacular porque tem membros e um crânio completo, o que nos permite associar o estágio de crescimento e o desenvolvimento da cúpula do crânio pela primeira vez”, acrescenta.


