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Cura do câncer

A detecção precoce das células-mãe dos tumores e de mutações perigosas pode tornar a doença coisa do passado

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h49 - Publicado em 18 fev 2011, 22h00

Texto Reinaldo José Lopes

O câncer deixou de ser uma sentença de morte certa nas últimas décadas. Técnicas que permitem a detecção de tumores em suas fases iniciais, cirurgias e medicamentos agressivos, mas eficazes, estão ajudando cada vez mais pessoas a sobreviver a esse tipo de doença. Entretanto, esses avanços ainda não são suficientes para afirmar que encontramos uma cura para o câncer. Os médicos ainda pouco podem fazer se a moléstia “resolver” voltar mesmo após o tumor original. E, quando ela se espalha por outros órgãos, o risco de morte cresce muito. É preciso achar um jeito de eliminar, de uma vez por todas, os riscos de a doença retornar e, de preferência, aprender a detê-la quando ainda causou pouco estrago no organismo humano.

Um dos caminhos mais promissores nessa busca envolve as chamadas células-tronco tumorais, ainda pouco conhecidas dos médicos e biólogos. Como as células-tronco normais, elas também funcionam como “ancestrais” de outras células, garantindo a proliferação dessas descendentes. Mas, em vez de dar origem a tecidos saudáveis e necessários, como o sangue ou os nervos, elas acabam servindo de combustível para o câncer. Não se sabe se elas, em sua origem, são apenas células normais, as quais voltam para um estado “primitivo” que é favorável ao câncer, ou se são células-tronco de um determinado tecido que acabam saindo dos trilhos.

O retorno do vilão

“A recidiva [o retorno do tumor após sua retirada inicial] é frequente porque seria preciso matar todas as células-tronco tumorais. Mas basta que uma centena delas sobreviva para gerar um novo tumor”, diz Oswaldo Keith Okamoto, professor da disciplina de Neurologia Experimental da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e estudioso do tema.

“E as células-tronco cancerígenas possuem certas características que as ajudam a resistir ao tratamento. Elas têm mais canais de íons, estruturas da membrana celular que lhes permitem bombear para fora da célula os medicamentos. E conseguem reparar seu DNA com mais facilidade. Já que a radioterapia mata as células do tumor causando danos ao seu DNA, isso dá mais uma vantagem às células-tronco”, afirma o pesquisador da Unifesp.

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Os pesquisadores estão estudando em profundidade as células-tronco tumorais, identificando alterações genéticas que as tornam únicas. Uma vez que esse perfil esteja traçado com precisão, vai ser possível projetar substâncias que as ataquem de forma direta. É talvez a maior esperança de eliminar o câncer em seu ninho e evitar seu retorno.

Mas não pense que essa é a única possibilidade a ser explorada por cientistas e médicos. Sabe-se cada vez mais sobre o perfil genético das células cancerosas, já que alterações aleatórias no DNA dos seres humanos são essenciais para que um tumor surja e se desenvolva. Se for possível rastrear as mutações iniciais, aquelas que começam a transformar uma célula normal em uma célula cancerosa, teremos um meio de intervir na doença muito antes de ela se tornar um problema sério. Pessoas “destinadas” a desenvolver um tumor no fim da vida poderão ser tratadas ainda na juventude e escapar dos piores efeitos dessa doença tão temida.

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