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Crise climática está afetando a vida sexual dos insetos

Os percevejos estão mudando de cor por causa da crise climática, ficando mais pálidos. O problema não é só estético: está complicando a reprodução.

Por Eduardo Lima
15 jul 2024, 18h00

Um novo estudo descobriu que a temperatura afeta a coloração dos insetos. Agora, com a crise climática bagunçando as temperaturas do mundo todo, os percevejos de emboscadas estão mudando de cor – e perdendo oportunidades sexuais por causa disso.

Os percevejos de emboscadas com corpos mais escuros têm mais sucesso em conquistar parceiros sexuais no frio do que aqueles com coloração mais clara, por exemplo. Isso acontece porque os machos mais escuros conseguem se aquecer de manhã com mais facilidade, começando os trabalhos antes de todo mundo.

Ainda não dá para ter certeza de como a crise climática vai afetar a reprodução desses ou de outros insetos, mas o estudo já mostra um impacto das mudanças climáticas causadas pelo homem e do aumento de temperaturas global.

A identificação de cor pode ser essencial para um inseto encontrar um parceiro amoroso. Esse “padrão de beleza” pode ser afetado por um aumento de temperaturas. Quanto mais quente, os insetos evoluem para produzir menos melanina, ficando com os cascos mais claros.

Objetos mais escuros absorvem mais calor e se aquecem mais rápido. Já os objetos mais claros, como os insetos afetados pelas altas temperaturas globais, refletem as ondas de calor e ficam frios por mais tempo.

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Mais insetos camaleônicos?

Além dos percevejos de emboscadas, outros insetos também estão perdendo a cor por causa da crise climática. As cores das asas das borboletas Colias meadii, que vivem nas Montanhas Rochosas da América do Norte, sofreram um desaparecimento do seu amarelo brilhante, ficando pálidas com o aumento das temperaturas na região.

Vários insetos estão passando por mudanças de cor. Entre as décadas de 1980 e 2000, ficou mais provável que a joaninha-de-dois-pontos nascesse vermelha com pontos pretos do que preta com pontos vermelhos.

A mudança na coloração dos insetos não é consenso entre os entomólogos. Um estudo posterior analisou mais de 800 borboletas Colias meadii, coletadas entre 1953 e 2013. Elas apresentaram um enriquecimento da complexidade e do tom do amarelo em suas asas.

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É difícil fazer estudos desse tipo com insetos porque muitos dos dados vêm de outras pesquisas, analisando populações pequenas em regiões parecidas e próximas. E, por mais que a melanina reaja à temperatura, ela também depende de outros fatores, como defesa imunológica.

A cor também não é uma questão só de ficar mais bonito para possíveis parceiros sexuais. Se camuflar de predadores – ou de presas – também é um fator importante que pode ser complicado pelo aumento das temperaturas globais.

Se esse estudo se comprovar, as complicações sexuais podem representar um risco existencial para os percevejos de emboscadas. Menos chances de reprodução são menos garantias de viabilidade de população. Por isso, mais estudos precisam ser feitos para entender os impactos da crise climática nos insetos.

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