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Crânio de 4 mil anos revela como os egípcios tratavam câncer de cérebro

Já se sabe que o câncer é mais antigo que os seres humanos. Agora, novas evidências mostram que podemos ter começado a tratar a doença (bem) antes do que se pensava.

Por Eduardo Lima
Atualizado em 3 jun 2024, 10h02 - Publicado em 1 jun 2024, 14h00

O câncer não é uma doença recente. Na verdade, tumores malignos são mais antigos que os seres humanos. Até os dinossauros sofriam com eles. Agora, cientistas descobriram que o tratamento e o estudo do câncer podem ter raízes mais antigas do que se imaginava, nos levando até o Egito das pirâmides.

Edgard Camarós, um paleopatologista da Universidade de Santiago de Compostela, na Espanha, liderou o estudo com Tatiana Tondini, da Universidade de Tübingen, na Alemanha, e Albert Isidro, na Universidade Hospital Sagrado Coração, também na Espanha. Um paleopatologista é um pesquisador que estuda evolução das doenças no decorrer da história, os tratamentos e entendimentos sobre elas.

Analisando um um crânio de 4.600 anos, eles encontraram sinais de câncer cerebral e uma possível tentativa de tratamento. A pesquisa foi publicada na revista Frontiers in Medicine.

Ao examinar o crânio com um microscópio e tomografias computadorizadas, eles encontraram marcas de corte nas extremidades dos ossos, cercando áreas onde pesquisadores anteriores já tinham encontrado lesões que foram ligadas a um câncer que entrou em metástase.

Câncer ancestral

O formato das marcas de cortes no crânio indica que eles foram feitos com alguma ferramenta de metal. Isso levou os pesquisadores a concluir que os egípcios já faziam cirurgias cerebrais, com um antepassado do bisturi, para estudar câncer cerebral.

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Não dá para ter certeza se essa cirurgia foi uma autópsia ou um tratamento. Por enquanto, não é possível dizer com certeza se os cortes foram feitos antes ou depois da morte do indivíduo, um homem de 30 a 35 anos. Caso o paciente ainda estivesse vivo durante a cirurgia, as marcas de corte podem indicar não só uma vontade de estudar o tumor no cérebro, mas sim de tratar o câncer.

Essa descoberta pode ser a primeira tentativa documentada de tratamento de câncer, pelo menos 1.000 anos antes daquilo que se imaginava. “O câncer é tão velho quanto o tempo”, disse Camarós em entrevista ao New York Times. Estudar o câncer no passado e sua natureza mutante durante os milênios pode ser um caminho para desenvolver novos tratamentos hoje.

Medicina de ponta no Egito Antigo

O entendimento que os egípcios antigos tinham do câncer provavelmente era bem diferente do nosso. Mas sua medicina era avançada em comparação com o resto do mundo na época. Há 3.600 anos, um papiro foi escrito descrevendo algo que parece com um caso de câncer sem tratamento.

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Além do caso recentemente descoberto, há outras evidências de cirurgia craniana no Egito Antigo. A mesma equipe por trás deste estudo encontrou evidências de um tratamento de traumatismo craniano bem-sucedido em ossos de 2.600 anos.

O crânio com as incisões é a primeira evidência de um possível tratamento de câncer entre os egípcios antigos. É difícil encontrar outros materiais que apontem para conclusões semelhantes, já que a maioria dos tumores aparece em diferentes tipos de tecidos no corpo humano, raramente afetando diretamente os ossos, que são mais facilmente preservados.

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