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Como os olhos dos cães evoluíram para cativar os humanos

Aquele olhar fofo do seu amigão é fruto do movimento de dois músculos que os lobos não têm — eles apareceram para humanizar as expressões caninas.

Por A. J. Oliveira
Atualizado em 18 jun 2019, 20h44 - Publicado em 18 jun 2019, 17h23

Não tem como resistir quando seu cachorrinho olha para você: o brilho dos olhos grandes realçado pelas sobrancelhas soerguidas transmitem um sentimento quase de dó. Por trás da encantadora “expressão de filhotinho”, há uma longa história não só sobre o processo de domesticação dos cães, mas também sobre nós mesmos. Esse olhar inocente evoluiu justamente para derreter nossos corações.

Um estudo publicado nesta segunda-feira (17) no periódico PNAS oferece mais uma evidência biológica de que os cachorros domesticados desenvolveram uma habilidade especial para estabelecer uma comunicação mais eficaz com os seres humanos. Isso aconteceu nos olhinhos dos peludos: dois músculos faciais fazem eles parecerem maiores e mais fofos (e também mais semelhantes aos dos nossos bebês).

Lobos não têm essa particularidade em sua anatomia – indício direto de que a evolução atuou muito rapidamente para modificar as expressões dos cachorros com um objetivo certo: fazer os humanos se identificarem mais com eles. E isso, é lógico, traz vários benefícios aos cães. O principal é despertar nossos instintos mais fortes de cuidado e proteção – além de carinho, eles ganham comida, algo obviamente fundamental para sua sobrevivência.

 

Os dois músculos responsáveis pela expressão fofa são chamados de RAOL e LAOM. Eles conectam os músculos em volta dos olhos a cada ponta da sobrancelha.

Para entender melhor a origem dessas estruturas musculares, os cientistas estudaram quatro lobos-cinzentos, tidos como o animal do qual os cachorros se originaram há pelo menos 33 mil anos. Em nenhum deles o RAOL ou o LAOM estavam presentes. Já entre os cães avaliados a realidade era outra: os músculos existiam em cinco das seis raças selecionadas. A exceção foi o husky siberiano, a raça mais antiga de todas.

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Os autores investigaram ainda como a expressão oferecida pelos músculos impacta tanto o organismo dos cachorros quanto o dos humanos. Nos dois casos, houve liberação de ocitocina, o hormônio do amor, quando uma pessoa olhou para seu cãozinho (e vice-versa).

 

No fim, a pesquisa confirma algo que a gente já suspeitava: a relação construída entre nós e os peludos é uma das maiores fontes de carinho, companheirismo e, sem exagero, amor. Realmente, são nossos melhores amigos.

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