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Como os morcegos carregam várias doenças sem ficarem doentes?

O segredo para a resistência viral desses animais pode estar relacionado com as mutações que os tornaram os únicos mamíferos voadores. Veja por que.

Por Bela Lobato
11 fev 2025, 14h00

Os morcegos podem carregar uma série de vírus mortais, como os vírus da raiva, Ebola, Nipah, Marburg e até o nosso velho conhecido, SARS-CoV-2, causador da Covid-19. Os vírus infectam os animais e se reproduzem em seus corpos, mas, diferente dos humanos, essas infecções raramente produzem sintomas e adoecimento.

“Há algo de único nos morcegos”, disse Aaron Irving, imunologista, em entrevista à Nature. “Quando infectados, geralmente são bastante saudáveis. De alguma forma, eles desenvolveram a maneira certa de controlar suas respostas imunológicas sem exagerar.”

Irving foi co-líder de um estudo sobre o assunto publicado no fim de janeiro na revista Nature, que analisou os genomas de 20 espécies de morcegos. Quando comparados com os genomas de outras 95 espécies de mamíferos, os morcegos possuem uma série de características genéticas que fortalecem o sistema imunológico.

Imagine a variedade dos mamíferos como uma grande árvore genealógica, cada grupo em um galho. Os pesquisadores descobriram que os traços associados ao sistema imunológico mais forte dos morcegos só estão presentes no “galho” dos morcegos, que também são os únicos mamíferos voadores. 

As evidências encontradas pelos pesquisadores sugerem que as adaptações imunológicas desses animais se desenvolveram na mesma época que o voo. Ainda não está claro porque os dois traços parecem ter evoluído juntos, mas Irving acredita que possa ter a ver com a demanda energética extrema que o voo tem para os mamíferos.

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Apesar das asas adaptadas, a frequência cardíaca dos morcegos chega a mil batimentos por minuto por períodos prolongados durante o voo e leva à produção de subprodutos tóxicos e inflamatórios. 

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“Eles cospem todo tipo de porcaria”, diz Irving. A hipótese é que, as mesmas adaptações imunológicas que surgiram para que os morcegos lidassem com essas “porcarias” pode ter dado a eles a capacidade de tolerar infecções virais.

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O estudo dessas adaptações pode trazer avanços para a compreensão da imunologia em humanos, também. Os pesquisadores descobriram que duas espécies de morcegos possuem uma mutação em um gene chamado ISG15 que poderia ajudá-los a controlar os coronavírus, incluindo o Sars-CoV-2. 

Michael Hiller, que também liderou o estudo, afirmou na mesma entrevista para a Nature que tem esperança que os morcegos possam apontar o caminho para medicamentos que suavizem a resposta imunológica humana a vírus e outras fontes de inflamação prejudicial. “Podemos aprender com a natureza o que a evolução demonstrou que é possível fazer nos morcegos.”, disse Hiller.

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