Como diminuir o tempo que você perde com filas
Assertividade é a palavra. Mas para quem não faz ideia de como empregá-la, a ciência tem algumas dicas
Aquela história de que a grama do vizinho é sempre mais verde faz ainda mais sentido quando o assunto é esperar na fila. Toda vez que precisamos aguardar parados atrás de desconhecidos, surge a mesma questão existencial: a possibilidade de mudar para a fila do lado. Ela nos dá a impressão de que o outro guichê está andando mais rápido – e de que a troca aumentará nossa chance de voltar para casa mais cedo.
Você só se dá conta do tamanho do equívoco quando decide arriscar todo o progresso e trocar de galho sem olhar para trás. A fila em que você estava primeiro magicamente se desfaz, lhe fazendo perceber da pior forma que teria gastado menos tempo se tivesse ficado no exato lugar onde estava.
Como a vida tem dessas, a cena acima provavelmente irá se repetir algumas vezes ao longo da sua vida de adulto. Mas viemos trazer boas notícias: a ciência tem algumas dicas que podem lhe ajudar a salvar uns minutos da próxima vez que precisar pagar um boleto. Não tem nada a ver com virar um fura-fila descarado – aliás, nem tente, quem estiver por ali não gostará nada da ideia. Dá para fazer isso de uma forma, digamos, mais cordial. Para esperar o mínimo possível, assertividade é a palavra-chave.
1. Não é força, é jeito
Em um estudo, pesquisadores da Universidade de Harvard testaram o efeito de três diferentes abordagens para uma mesma tarefa, bastante comum em qualquer escritório que se preze: o uso da fotocopiadora. Na primeira, e menos enfática delas, os voluntários tinham que tentar convencer quem estava à sua frente com uma frase concisa e sem justificativas. Algo como “Com licença, tenho cinco páginas, poderia usar primeiro a máquina de xerox? A simples tática de expor a proposta (além de serem 5 folhas e não 50) já permitiu que eles economizassem 60% do tempo.
Colocar um tom de urgência na frase foi ainda mais interessante. Dizer que se estava atrasado fez com que o tempo de espera fosse 94% menor. E a frase quase redundante “Com licença, tenho cinco páginas, poderia usar a máquina de xerox para fazer umas cópias?” foi tão útil quanto, salvando 93% dos minutos gastos na fila.
2. Quem quer rir, tem que fazer rir
Outro experimento, também de Harvard, mostrou a força que uma proposta financeira pode ter. Calma, você não precisará gastar dinheiro de verdade toda vez que quiser quitar a prestação do condomínio – é só insinuar que você está disposto a pagar pela posição privilegiada.
No estudo, a quantia inicial utilizada para convencer alguém era de US$ 10. Porém, os cientistas perceberam que, quanto mais alta era a oferta, mais cobaias se compadeciam e cediam seus lugares. O interessante é que a maioria não aceitou a recompensa em dinheiro, fazendo aquilo apenas por altruísmo. Seu bolso é que agradece.
3. Estratégia, do grego, strateegia
Tirando aqueles que possuem um espírito bastante evoluído, costumamos ter tolerância zero com quem tenta bancar o espertinho. Mas um estudo publicado em 2011, mostrou uma consequência curiosa dessa prática. Pessoas que tentaram furar a fila pela primeira vez foram devidamente escorraçadas do local pelos presentes, sem exceção. Porém, a chance de sucesso era grande se você chegasse pedindo prioridade logo depois do ocorrido. Depois de tirar alguém à força pela primeira vez, as cobaias se mostraram mais permissivas, com maior chance de deixar passar quem dizia que estava com urgência ou tinha uma operação muito simples para fazer.
Além disso, é bom ter em mente que quem está exatamente atrás do penetra – portanto, o primeiro prejudicado – geralmente é quem decide sobre seu futuro. Se a pessoa permanece em silêncio, a tendência é que quem acompanha também não se intrometa. Essa conclusão integra uma pesquisa da década de 1980, que também apontou outro fato interessante: dois ou mais intrusos causam mais revolta do que um só. Para garantir que a missão tenha sucesso, então, uma boa ideia é deixar para lá o plano de agir em coletivo – só para garantir.