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Com sua nova missão lunar, a Índia tenta se tornar uma potência espacial

Lançamento bem-sucedido da Chandrayaan-2 deixa o país asiático a um passo de realizar um pouso suave na Lua — será a quarta nação a conquistar o feito

Por André Jorge de Oliveira
Atualizado em 22 jul 2019, 18h11 - Publicado em 22 jul 2019, 18h09

Nos últimos anos, foram muitas as demonstrações de que os indianos estão extremamente empenhados em construir um programa espacial robusto e competitivo. Em 2014, lançaram uma sonda rumo a Marte com o orçamento ínfimo de US$ 74 milhões — menor que o de muitos blockbusters espaciais hollywoodianos por aí. Nenhum outro país na Ásia conseguiu chegar ao distante planeta vermelho. E a mais recente empreitada tem a Lua como destino.

A missão Chandrayaan-2 decolou na manhã desta segunda (22), às 6:13 da manhã, horário de Brasília, do Centro Espacial Satish Dhawan, que fica às margens da Baía de Bengala, no sudeste da Índia. Nem é preciso dizer que o sucesso no lançamento virou motivo de orgulho nacional. “Momentos especiais que ficarão gravados nos anais de nossa história gloriosa!”, comemorou pelo Twitter o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi.

Depois de ter sido subitamente adiado no último dia 15 a menos de uma hora da decolagem por conta de um empecilho técnico, hoje os procedimentos transcorreram com tranquilidade. Neste exato momento, a Chandrayaan-2 segue rumo à Lua com a missão de protagonizar um pouso suave por lá — e com a promessa de transformar a Índia no quarto país a realizar o feito. É um clube seleto do qual só os Estados Unidos, a Rússia e a China fazem parte.

Israel quase entrou, mas a missão Beresheet falhou na hora H. A espaçonave indiana pesa 3,8 toneladas e carrega 13 cargas distribuídas em suas três sondas: uma orbitadora, uma pousadora e um rover, todos desenvolvidos pela própria agência espacial do país, a ISRO. É um pacote completo para estudar diversos aspectos do satélite natural. Serão dois meses de viagem até a inserção em uma órbita circular a 100 quilômetros da superfície.

A pousadora deve alunissar gentilmente no polo sul da Lua, região considerada promissora, mas até agora pouco explorada. Dela vai sair o rover Pragyan (“sabedoria” em sânscrito) para rodar por um dia lunar (14 terrestres) coletando amostras químicas e minerais para análises remotas. Já a sonda orbital passará um ano mapeando a superfície lunar, além de conduzir estudos para entender melhor a rarefeita atmosfera do astro.

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Em coletiva de imprensa logo após o lançamento, o diretor da ISRO, Kailasavadivoo Sivan, agradeceu o trabalho duro de toda a equipe. “Eles trabalharam continuamente, esqueceram suas famílias, sacrificaram seus interesses…  Trabalharam ininterruptamente para garantir que a falha fosse devidamente consertada”, ele disse. Com certeza o timing de lançar essa missão nos dias em que o mundo comemora os 50 anos da Apollo 11 não foi coincidência.

A Índia quer mostrar ao mundo que é uma superpotência fora da Terra e dentro dela, com o intuito de ganhar ainda mais influência geopolítica no Indo-Pacífico e na Ásia. Sua ambição envolve nada menos que o lançamento de astronautas ao espaço já em 2022. Daqui a dez anos, querem ter uma estação espacial própria.

Sua grande rival na corrida espacial do século 21 é a China. Muitos duvidam que a ISRO consiga cumprir todas suas metas ousadas, mas a missão marciana de 2014 provou do que os indianos são capazes. Tudo isso deixa um gosto amargo na boca dos brasileiros, de pensar que um país emergente como o Brasil, também dos BRICs, consolidou tão depressa seu programa espacial — e nós nem foguete temos.

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