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Cogumelo mágico é a droga mais segura do mundo

Levantamento mundial revela que só 0,2% dos usuários acabam no hospital – contra 1,4% dos que abusam de álcool

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
24 Maio 2017, 13h31

Não é para sair tomando chá de cogumelo todo dia no almoço, que fique bem claro. Feita essa ressalva responsável, temos boas notícias.

Segundo o Global Drug Survey, um levantamento de saúde pública feito com 120 mil usuários de drogas de 50 países, o alucinógeno psilocibina – princípio ativo de mais de 100 espécies de cogumelos mágicos – é a substância química ilegal mais segura do mundo. 10% dos entrevistados, 12 mil pessoas ao todo, afirmaram ter usado os fungos psicodélicos em 2016. Só 24 delas – 0,2% – precisaram de assistência médica emergencial após a experiência. Todos os participantes são voluntários e respondem a questionários anônimos.

Essa taxa é pelo menos três vezes menor que a de qualquer outra droga, natural ou sintética. Em comparação, quem consome maconha precisa recorrer a um pronto socorro em 0,6% dos casos – menos que quem abusa de álcool (1,3%), cannabis sintética (3,2%) e metanfetamina (4,8%).

Em um toque de humor negro, é sempre bom lembrar que todos os cogumelos são comestíveis – alguns apenas uma vez. Ao jornal britânico The Guardian, Adam Winstock, um dos psiquiatras responsáveis pelo estudo, afirmou que a chance de se dar mal colhendo um fungo venenoso por engano é muito maior que a de acabar no hospital por causa dos fungos certos. “Quase nunca ouvi falar de mortes por intoxicação [com psilocibina]. O envenenamento por cogumelos mais perigosos que os psicodélicos é o maior risco.”

Ao todo, 28 mil pessoas afirmaram já ter usado os cogumelos em algum ponto da vida – não necessariamente no último ano. 81,7% delas buscavam experiência psicodélicas moderadas e uma melhora nas relações com outras pessoas e o ambiente.

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Uma das características mais notáveis da psilocibina é que ela praticamente não vicia. Uma compilação de estudos feita em 2011 por médicos e psicólogos da Universidade de Amsterdam classificou como “irrisórios” os efeitos do uso de cogumelos mágicos sobre o crime organizado e problemas de saúde pública. O uso da droga gera um aumento temporário na tolerância do usuário – que o desestimula a tomar novas doses em pequenos intervalos, já que elas não fariam efeito.

Apesar dos raros casos de dependência, o artigo científico demonstra outras preocupações, como a proporção de ataques de pânico e flashbacks traumáticos, que é baixa, mas imprevisível. Também foi constatado, de maneira previsível, que é mais fácil perder o controle da “viagem”usando a droga acompanhada de álcool.

Os efeitos benéficos da psilocibina em vítimas de depressão já foram motivo de muitas experiências. Em ambiente científico controlado, para aplicações terapêuticas, outro artigo científico afirma que o risco associado ao uso da substância é aceitável, mas que o mesmo não pode ser dito sobre ocasiões recreativas.

Vale lembrar que, assim como a ayahuasca –  cujos benefícios médicos também estão sendo revelados – várias espécies de cogumelos mágicos são parte essencial dos rituais religiosos de várias culturas nativas da África e das Américas. Há registros de seu uso por habitantes de cavernas no atual território da Argélia há algo entre 7 mil e 9 mil anos atrás. No Brasil, de acordo com a Lei nº 11.343/06, o uso dessas substâncias não é proibido se elas forem usadas para fins estritamente ritualísticos e religiosos.

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