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Coçar a pele irritada pode ser bom e ruim ao mesmo tempo

O motivo pelo qual coçamos um local inflamado tem uma explicação evolutiva, mas que não faz mais tanto sentido para nós. Entenda

Por Manuela Mourão
6 fev 2025, 10h00 •
  • Coçar um pedaço de pele irritada traz uma das maiores sensações de alívio da Terra. Mas esse ato vem acompanhado de um prazer proibido: se alguém te pegar passando os dedos no machucado, com certeza você vai ouvir “para de coçar, isso vai piorar”.

    A recomendação faz sentido. De acordo com um estudo publicado no periódico Science, coçar a pele agrava a inflamação e o inchaço em um tipo de eczema chamado dermatite alérgica de contato (ou simplesmente dermatite de contato).

    Dermatites de contato são causadas pelo contato da pele com vários irritantes e alérgenos. Os mais comuns incluem metais em joias (como o níquel), ingredientes em cosméticos, sabão em pó e hera venenosa (a planta, não a personagem).

    Os sintomas, embora possam variar de pessoa para pessoa, são típicos de reações alérgicas: manchas vermelhas na pele, ressecamento, inchaço, bolhas, queimação e, claro, coceira. A vontade de coçar essas erupções cutâneas às vezes pode ser irresistível, mas acaba piorando os sintomas e retardando o tempo de cicatrização, de acordo com os autores da pesquisa.

    Em um comunicado, Daniel Kaplan, coautor do estudo e dermatologista da Universidade de Pittsburgh, disse que “coçar é muitas vezes prazeroso, o que sugere que esse comportamento deve proporcionar algum tipo de benefício evolutivamente”. Mas qual seria esse benefício?

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    Para investigar a origem evolutiva desse comportamento, os pesquisadores realizaram testes em ratos. Três grupos de roedores foram selecionados: um grupo padrão que sente coceiras e podia coça-las; um grupo padrão com um cone, semelhante ao utilizado ao redor do pescoço de cães; e um grupo que não é sensível à coceira devido à falta do neurônio necessário para isso.

    Em seguida, induziram sintomas semelhantes aos do eczema nas orelhas dos animais.

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    Quando o primeiro grupo sentia coceira, começava a se coçar imediatamente. Como resultado, as orelhas inchavam e células imunes inflamatórias, chamadas neutrófilos, se acumulavam na região. Nos ratos que não possuíam o neurônio responsável pela coceira, isso acontecia em menor intensidade.

    “O ato de coçar estimulou neurônios sensíveis à dor a liberar um neuropeptídeo, que ativou os mastócitos [sentinelas do sistema imunológico]. Em resposta ao ato de coçar, a liberação da substância P ativa os mastócitos por meio de uma segunda via”, explicam os autores. Em suma: coçar desencadeia mais inflamação na pele porque os mastócitos são ativados por duas vias.

    Em outras palavras, os mastócitos são os principais coordenadores da inflamação que provoca coceira e danos na pele. De acordo com os pesquisadores, o experimento confirma que coçar agrava ainda mais a inflamação na pele.

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    Por outro lado, a liberação de mastócitos também é importante na proteção contra infecções bacterianas da pele, revelando o lado paradoxal da coceira.

    Em um segundo experimento, os pesquisadores investigaram se a ativação dos mastócitos induzida pelo ato de coçar poderia afetar o microbioma da pele. O experimento revelou que coçar reduziu a quantidade de Staphylococcus aureus, a bactéria mais comum associada a infecções de pele.

    Daniel Kaplan afirmou em comunicado que “a descoberta de que coçar melhora a defesa contra Staphylococcus aureus sugere que isso pode ser benéfico em alguns contextos. Porém, o dano que o coçar causa à pele provavelmente supera esse benefício quando a coceira é crônica.”

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    Em um futuro próximo, o grupo envolvido no estudo pretende desenvolver terapias para esse tipo de dermatite, que atuem no controle dos receptores dos mastócitos. Tratamentos como esses podem ajudar a resolver condições como urticárias e rosáceas.

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