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Cientistas descrevem menor réptil do mundo, com apenas 1,35 cm de comprimento

A espécie de camaleão foi encontrada no norte de Madagascar – e possui uma genitália que equivale a um quinto do seu tamanho.

Por Maria Clara Rossini
1 fev 2021, 17h05

O menor réptil do mundo cabe na ponta do seu dedo. Um macho adulto da espécie Brookesia nana mede nada mais do que 1,35 centímetros do focinho à cloaca, e 2,16 centímetros contando a cauda (o usual é utilizar o primeiro tamanho para a classificação). A fêmea é um pouco maior, com 1,9 centímetros até a cloaca e 2,89 centímetros no total. A nova espécie de camaleão foi descrita recentemente no periódico Scientific Reports.

Apenas um macho e uma fêmea de Brookesia nana foram encontrados no norte de Madagascar em 2012, mas a espécie só entrou para a árvore filogenética em 2021. A ilha abriga outras espécies de camaleões minúsculos, pertencentes ao grupo B. minima. Veja a distribuição deles no mapa abaixo.

Mapa do norte de Madagascar, mostrando a distribuição de espécies do subgênero Evoluticauda (conhecido como grupo Brookesia minima ) nesta região.
(Glaw, F., Köhler, J., Hawlitschek, O. et al. / Scientific Reports/Divulgação)

 

Até então, o posto de menor réptil macho ficava para o Brookesia micra, com 1,6 centímetros da cabeça à cloaca, escrevem os pesquisadores. O título de menor fêmea ainda pertence ao lagarto caribenho Sphaerodactylus ariasae, também com 1,6 centímetros.

Na biologia, o processo evolutivo que leva ao surgimento desses animais minúsculos é chamado de miniaturização. Ele geralmente é associado a limites fisiológicos impostos pela seleção natural, além da perda de falanges, diminuição de crânio e outros elementos ao longo da evolução.

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Os principais exemplos de miniaturização de répteis são justamente os camaleões do gênero Brookesia, em Madagascar, e os lagartos Sphaerodactylus, da América Central. Eles geralmente ocorrem em ilhas, onde há uma quantidade limitada de recursos naturais para a sobrevivência. Isso pode propiciar a seleção de animais menores, que precisariam de menos alimentos para se desenvolver.

No entanto, nem todos os órgãos desses animais são minúsculos. A genitália do B. nana macho corresponde a 0,25 centímetros, ou 18,5% do tamanho do seu corpo. O hemipênis (como é chamado o órgão de cobras e lagartos) é composto por dois membros que permanecem dobrados para dentro do corpo, e só saem no momento da reprodução. A hipótese dos autores é que o órgão do mini camaleão precise ser proporcionalmente maior para permitir o encaixe com a genitália da fêmea.

Os órgãos genitais do camaleão medem cerca de 19% do comprimento do corpo quando totalmente evertidos.
(Glaw, F., Köhler, J., Hawlitschek, O. et al. / Scientific Reports/Divulgação)
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As genitais de outros camaleões parentes também são consideráveis. Elas variam entre 6.3% e 32.9% do tamanho total do macho. A proporção entre corpo e membro é considerada alta, mas não se compara à de outros animais, como os patos (cuja genital chega a ser do tamanho do corpo) ou os cirrípedes (que possuem um membro oito vezes maior que o corpo).

Como só há dois espécimes conhecidos, é difícil dizer se o Brookesia nana está sob risco de extinção, mas os pesquisadores apostam que sim. As florestas que abrigam esses animais sofrem com o aumento do desmatamento e a intervenção humana. No artigo, os pesquisadores sugerem que o novo animal possa ser classificado como espécie em risco crítico, de acordo com a Lista Vermelha de animais ameaçados de extinção.

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