Cientistas comprovam: sanguessugas conseguem sim pular; veja vídeo
Uma discussão de mais de um século na comunidade científica foi resolvida filmando as sanguessugas de Madagascar.
Um debate dividiu a comunidade científica durante um século: será que as sanguessugas terrestres consegue pular? Bem, as câmeras não mentem, e pesquisadores norte-americanos registraram vídeos dos animais saltitando, colocando um ponto final nessa polêmica.
As sanguessugas terrestres de Madagascar, do gênero Chtonobdella, foram registradas pulando de uma folha para a outra pela pesquisadora Mai Fahmy, cientista visitante do Museu Americano de História Natural, em 2017 e 2023.
A Chtonobdella fallax, sanguessuga que foi coletada pulando em Madagascar, também pode ser encontrada nas Seicheles, no arquipélago Malaio e nas ilhas do Pacífico Sul. Estes não são os únicos invertebrados que parecem minhocas que sabem pular – neste grupo também por várias larvas e lagartas.
O pulo foi descrito pelos cientistas como parecido com o de “uma cobra torcida para trás” ou de uma corda sendo puxada. “As sanguessugas se preparam para o pulo ancorando seu sugador posterior, recuando e se lançando forçadamente para fora e, nós acreditamos, só um pouco para cima”, explicou Mai para a Super. “Suas aterrissagens não são tão graciosas assim.”
Veja com os próprios olhos:
A descoberta foi publicada na revista científica Biotropica.
Debate sanguíneo
“No último século, biólogos de sanguessugas têm sido majoritariamente contra a ideia de uma sanguessuga terrestre pulando”, explica Michael Tessler, pesquisador do Museu Americano de História Natural e um dos autores do estudo. Para os especialistas em anelídeos, a ideia de animais como esses saltando era folclórica, improvável de um ponto de vista biomecânico.
Antes dos especialistas em sanguessugas, exploradores, naturalistas e outros biólogos escreveram sobre esses animais que pulam, mas não eram levados tão a sério na academia. Agora, o problema se resolveu com uma simples câmera de vídeo.
Entender melhor o comportamento desses animais é importante porque as sanguessugas são usadas por biólogos conservacionistas para recolher amostras de sangue de seus hospedeiros vertebrados (“era isso que eu estava fazendo em Madagascar”, explica Mai). Saber como funcionam seus pulos vai facilitar a coleta de suas refeições sangrentas.
Além disso, esses bichinhos também merecem amor e atenção da comunidade científica. “Elas são parte do ecossistema e podem estar em necessidade de proteção e conservação”, argumenta Mai.
Ainda não dá para saber se todas as outras sanguessugas terrestres pulam como essas. “Mai e eu suspeitamos que tenham pelo menos algumas outras com o mesmo comportamento, mas não sabemos com certeza”, conta Michael.
Os cientistas têm um motivo especial para essa suspeita: todas as observações relatadas desse comportamento se referem a espécies distantes, em outros países. Se os exploradores já estiveram certas sobre essa, por que não sobre as outras?