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Cientistas brasileiros descobrem bagres escalando cachoeiras

O comportamento, assim como o peixe, é raríssimo. Segundo os pesquisadores estudar o evento pode ser uma chave essencial para a preservação do ecossistema.

Por Manuela Mourão
25 ago 2025, 19h00

No rio Aquidauana, localizado no coração do Mato Grosso do Sul, um fenômeno raro surpreendeu pesquisadores. Aos olhos da polícia ambiental, milhares de minúsculos peixes, listrados de preto e com nadadeiras alaranjadas, desafiavam a gravidade. Tal como pequenos alpinistas aquáticos, os animais subiam pelas pedras de uma cachoeira com cerca de quatro metros de altura.

A cena despertou o interesse imediato de cientistas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. O peixe em questão era o bagre-abelha (Rhyacoglanis paranensis), uma espécie que raramente ultrapassa nove centímetros e cuja biologia ainda é pouco conhecida.

“Em determinados pontos, havia tantos indivíduos juntos que um escalava sobre o outro, formando verdadeiros tapetes vivos que avançavam contra a correnteza”, relatou a zoóloga Manoela Marinho, uma das autoras do estudo recentemente publicado na Journal of Fish Biology.

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O time de cientistas passou cerca de 20 horas acompanhando o evento no ano passado. Os bagres se espalhavam pela rocha, prendendo-se às superfícies molhadas ao abrir suas nadadeiras, como se fossem ventosas improvisadas. Depois, em movimentos curtos e firmes, contorciam-se e se arrastavam por alguns centímetros. 

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Esse esforço coletivo, segundo os especialistas, provavelmente tem um propósito vital: a reprodução. Isso porque as amostras coletadas mostraram que a maioria dos escaladores eram adultos, machos e apresentavam estômagos vazios — um padrão semelhante ao de espécies migratórias mais conhecidas, como o salmão, que economizam energia nadando contra a correnteza e subindo cachoeiras para chegar aos locais de desova.

Fotografia do Bragre escalador Trichomycterus (Cryptocambeva) pirabitira.
(Wilson J. E. M. Costa/ Valter M. Azevedo-Santos/ José Leonardo O. Mattos/ Axel M. Katz/Reprodução)

Ao contrário dos grandes peixes migratórios, cujos movimentos sazonais já são bem documentados, os deslocamentos de espécies pequenas ainda guardam segredos. Esses eventos costumam ser breves, ocorrem apenas sob condições ambientais específicas e, por isso, raramente são registrados.

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O bagre-abelha é considerado raro, e pouco se sabe sobre sua ecologia. Por isso, esse registro não apenas amplia o conhecimento científico sobre seu comportamento, como também lança luz sobre um dilema maior: como proteger essas espécies em um cenário de rios cada vez mais fragmentados por barragens e alterações humanas.

“Essas descobertas destacam a importância das observações de campo para a compreensão do papel ecológico e das necessidades de conservação dos pequenos peixes migratórios, particularmente no contexto das potenciais ameaças representadas pela fragmentação do habitat e pelo represamento de rios”, explica Marinho. 

No Brasil, o avanço das hidrelétricas e o represamento dos rios já colocaram em risco diversas rotas migratórias. Espécies que dependem da livre movimentação pelas águas enfrentam obstáculos que podem comprometer sua reprodução e, em alguns casos, levá-las à extinção.

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Compreender o destino dos bagres-abelha pode ser a chave para proteger não apenas uma espécie rara, mas todo um ecossistema que depende da persistência de migrações.

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