Ícone de fechar alerta de notificações
Avatar do usuário logado
Usuário

Usuário

email@usuario.com.br
Semana do Cliente: Revista em casa por 9,90

Chuvas de 2024 no RS causaram maior evento de deslizamentos de terra da história

A catástrofe climática resultou em 15 mil deslizamentos, segundo um novo estudo. Esse mapeamento pode ajudar na prevenção de crises futuras.

Por Eduardo Lima
29 ago 2025, 08h00

Entre abril e maio de 2024, o Rio Grande do Sul passou por uma catástrofe climática sem precedentes na história do Estado. Um terço da precipitação esperada para um ano inteiro choveu num intervalo de seis dias, e as inundações causadas pelas chuvas intensas mataram 184 pessoas. Um ano depois, em abril de 2025, a Defesa Civil do RS afirmou que 25 pessoas continuavam desaparecidas.

Num novo estudo com coordenação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), publicado nesta quinta (28), cientistas mostraram que essas chuvas causaram o maior evento de deslizamentos de terra já registrado no Brasil.

Os pesquisadores mapearam a ocorrência de 15.376 deslizamentos de terra, com ajuda de instituições como o Instituto Federal de Goiás (IFG) e o Serviço Geológico do Brasil (SGB). Para registrar esses eventos, os especialistas usam “inventários de deslizamento”, mapas digitais que mostram as localizações das cicatrizes que ficam depois do movimento de solo nas encostas.

A equipe do estudo criou um banco com 474 imagens de satélite de alta resolução, entre 4 de maio e 31 de agosto de 2024, para registrar as evidências de deslizamentos. Os resultados foram compartilhados no periódico Landslides e podem ajudar a planejar estratégias de prevenção para crises futuras.

Antes disso, os eventos de deslizamento registrados eram muito mais localizados, geralmente se limitando a só um município. O segundo pior caso da história aconteceu no Rio de Janeiro, em 2011, quando cerca de 4.300 cicatrizes de deslizamento marcaram oito municípios do estado.

Continua após a publicidade

O evento no Rio Grande do Sul em 2024 deixou mais que o triplo de cicatrizes [em comparação com o RJ], e atingiu mais de cem municípios desde a área central até a porção nordeste do estado”, explicou para a Super o professor Clódis de Oliveira Andrades-Filho, do Instituto de Geociências da UFRGS.

Prevenir é o melhor remédio

Os pesquisadores envolvidos no estudo identificaram 16.862 pontos de início de deslizamento, numa área de 18 mil quilômetros quadrados (quase dois milhões de campos de futebol). Isso inclui 150 dos 497 municípios do RS, cerca de 30% das cidades gaúchas. Quando um ponto de ruptura que causou o deslizamento é identificado, dá para analisar os aspectos do terreno e entender quais características deixam uma área mais vulnerável.

Compartilhe essa matéria via:
Continua após a publicidade

Esses princípios de deslizamentos ocorreram especialmente nas encostas voltadas para o norte, que tinham uma cobertura vegetal mais esparsa do que as voltadas para o sul. Isso porque, no Rio Grande do Sul, as encostas viradas para o sul recebem menos iluminação solar e, por isso, são menos usadas na agricultura, preservando suas áreas verdes. Já as encostas viradas para o norte, por receberem mais luz, são usadas para plantações, e a intervenção humana no solo, com desmatamento e construções, deixa a região mais vulnerável a deslizamentos.

Essa caracterização [dos aspectos do terreno com deslizamento] é essencial para o estabelecimento de novos modelos e mapas que informem as áreas dos municípios que tem maior possibilidade de ocorrer novos deslizamentos em grandes episódios de chuva”, explica Andrades-Filho. 

Um estudo como esse pode ajudar o poder público a identificar áreas de risco e levar isso em conta no zoneamento dos municípios, além de direcionar ações para recuperar a estabilidade do terreno em áreas que sofreram deslizamentos e providenciar dados e parâmetros para que a Defesa Civil possa emitir alertas de risco geológico em casos de previsão de tempestade.

Continua após a publicidade

Os estudos científicos apontam que a porção sul do Brasil, no contexto das mudanças climáticas, sofrerá com cada vez mais episódios de chuvas intensas”, afirma Andrades-Filho. O risco de eventos como esse não ficou no passado, como se as inundações de 2024 fossem uma mera anomalia climática. “É necessário construir e aplicar estratégias que visem a melhor convivência com o risco e que permitem uma adaptação à realidade de crise climática.”

Como a China usa os seus pandas para fazer política

Publicidade

Enquanto você lê isso, o [b] mundo muda [/b] — e quem tem [b] Superinteressante Digital [/b] sai na frente. Tenha [b] acesso imediato [/b] a ciência, tecnologia, comportamento e curiosidades que vão turbinar sua mente e te deixar sempre atualizado

Enquanto você lê isso, o [b] mundo muda [/b] — e quem tem [b] Superinteressante Digital [/b] sai na frente. Tenha [b] acesso imediato [/b] a ciência, tecnologia, comportamento e curiosidades que vão turbinar sua mente e te deixar sempre atualizado

OFERTA RELÂMPAGO

Digital Completo

Enquanto você lê isso, o mundo muda — e quem tem Superinteressante Digital sai na frente. Tenha acesso imediato a ciência, tecnologia, comportamento e curiosidades que vão turbinar sua mente e te deixar sempre atualizado
De: R$ 16,90/mês Apenas R$ 1,99/mês
ECONOMIZE ATÉ 63% OFF

Revista em Casa + Digital Completo

Superinteressante todo mês na sua casa, além de todos os benefícios do plano Digital Completo
De: R$ 26,90/mês
A partir de R$ 9,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a R$1,99/mês.