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Pesquisador do CERN é afastado após discurso machista

Para o professor, mulheres como Marie Curie são bem-vindas ao mundo da ciência, mas só se se provarem antes — ganhando um prêmio Nobel, por exemplo.

Por Ingrid Luisa
1 out 2018, 19h54 •
  • O CERN (Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear) é o maior laboratório de física de partículas do mundo. Para além dos prótons que ele colide em seu gigante LHC (o Brasil também tem um acelerador de partículas, o Sirius, e você pode saber mais sobre ele lendo essa matéria da SUPER), o CERN é uma das organizações de pesquisa científica que mais investe em diversidade. E ele é conhecido internacionalmente por isso.

    Pena que um workshop organizado recentemente pelo CERN tem dado o que falar justamente pelo motivo oposto.

    A história começou quando Alessandro Strumia, professor da Universidade de Pisa e colaborador sênior do CERN, pediu para palestrar em um evento (nos dias 28 e 29 de setembro) organizado pela instituição. O tema era Teoria de Alta Energia e Gênero. A ideia era discutir as descobertas recentes na física teórica de alta energia, e comentar questões de gênero e igualdade de oportunidades dentro da área.

    Como Strumia era respeitado no CERN, a instituição concedeu um espaço de fala ao cientista sem verificar qual era o tema de sua palestra. Segundo ele, os dados iriam responder à seguinte pergunta: qual a condição atual da mulher dentro da ciência?

    Aí veio a bomba. Aqui estão alguns slides que ele apresentou  você pode conferir a apresentação na íntegra aqui. As traduções estão nas legendas.

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    Slide do Prof. Alessandro Strumia
    (Cern/Reprodução)
    Slide do Prof. Alessandro Strumia
    (Cern/Reprodução)
    Slide do Prof. Alessandro Strumia
    (Cern/Reprodução)

    Para o professor, mulheres como Marie Curie são bem-vindas ao mundo da ciência, mas só se se provarem antes  ganhando um prêmio Nobel, por exemplo. Já a situação dos homens seria mais complicada, pois eles sofrem “discriminação” dentro da área: “a Universidade de Oxford estende os tempos dos exames para benefício das mulheres”; “a Itália oferece universidade gratuita ou mais barata para estudantes do sexo feminino”.

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    Como se não fosse suficiente, o professor achou que era válido citar sua própria experiência como exemplo: disse que deveria estar no cargo da professora Anna Ceresole no Instituto Nacional de Física Nuclear (INFN), já que, segundo ele, ele tem mais publicações que ela.

    O professor também afirmou que os homens possuem uma maior representação na ciência porque eles são realmente melhores. Ele apresentou dados para “provar” que os pesquisadores do sexo masculino e feminino foram igualmente registrados no início de suas carreiras, mas os homens pontuaram progressivamente melhor à medida que o tempo passava e suas carreiras progrediam.

    “A física foi inventada e erguida por homens, não por convites”, cunhou Strumia se referindo aos incentivos dados às mulheres que querem entrar na área. “A física não é machista contra as mulheres. No entanto, a verdade não importa, porque ela faz parte de uma batalha política muito maior”, encerrava os slides.

    A palestra gerou muita polêmica. A sala estava cheia de mulheres e homens cientistas em início de carreira, e logo a história foi parar nas redes sociais e se espalhou na internet.

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    A médica Jessica Wade, física do Imperial College London que estava na reunião, disse à BBC News que a análise do professor Strumia era simplista e com base em idéias “desacreditadas há muito tempo”. “Havia jovens mulheres e homens trocando ideias e suas experiências sobre como encorajar mais mulheres no assunto e combater a discriminação em suas carreiras. Então esse homem se levanta, dizendo toda essa barbaridade”

    O CERN não ficou quieto e logo tratou de se pronunciar. Segundo comunicado, as afirmações do professor foram altamente ofensivas, e todo o conteúdo da palestra de Strumia que estava vinculado ao site da instituição foi retirado pois “o código de conduta do não tolera ataques pessoais e insultos”. O cientista foi afastado de todas atividades da instituição.

    O CERN é uma organização culturalmente diversificada que reúne pessoas de diferentes nacionalidades. É um lugar onde todos são bem-vindos e todos têm as mesmas oportunidades, independentemente de etnia, crenças, gênero ou orientação sexual. De fato, a diversidade é um dos valores centrais que sustentam nosso Código de Conduta e a Organização está totalmente comprometida em promover a diversidade e a igualdade em todos os níveis. O CERN esforça-se sempre para realizar a sua missão científica num ambiente pacífico e inclusivo.”, diz o comunicado. Você pode conferi-lo na integra aqui

     

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