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Casos Bizarros – Top 5

Não há limites para a mente - nem para seus distúrbios. Conheça quais são os mais estranhos identificados até hoje pela ciência

Por Maurício Horta
Atualizado em 31 out 2016, 18h50 - Publicado em 19 Maio 2012, 22h00

Síndrome de Paris

A cada ano, mais de 10 dos 1 milhão de turistas japoneses que vão à França têm um colapso nervoso ao descobrir que a Cidade Luz é um grande queijo roquefort – apesar da fama, não passa de um amontoado de bolor velho e fedorento. Eles esperam encontrar o fabuloso mundo de Amélie Poulain, o melhor das belas artes em qualquer esquina e bolsas Louis Vuitton distribuídas como se fossem sacolas plásticas de supermercado. E o que encontram? Uma cidade suja tomada por garçons mal-humorados que gritam com quem não souber falar francês, mendigos decrépitos em todo canto e bêbados urinando dentro do metrô. Não tem jeito. As vítimas da síndrome de Paris – em sua maioria japonesas balzaquianas na primeira viagem ao exterior – acabam então se aquartelando no hotel até ser hospitalizadas. E a única cura é voltar para casa.

A síndrome foi identificada pela primeira vez por Hiroaki Ota, um psiquiatra japonês baseado em Paris. Ao jornal Libération disse que as principais reclamações dos japoneses são: “Os parisienses riem do meu francês”, “Eles não gostam de mim” e “Eu me sinto estúpido perto deles”. Pobres turistas…

 

 

Síndrome de Couvade

Náusea matutina, cãibra noturna, dor nas costas, desejos alimentares incontroláveis e barriga inchada. Gravidez psicológica já é uma velha conhecida. E, sim, ela pode ocorre também em homens, e de forma muito mais comum do que você poderia imaginar. Nos EUA, estimativas vão de 22 a 79% dos futuros pais. Já na Itália estudos mostram algo entre 11 e 65%.

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Por se sentirem conectados à sua parceira grávida ou por puro ciúme ao ficarem de escanteio quando todas as atenções vão para ela, futuros papais acabam assumindo os sintomas da gravidez. Há até aqueles que dizem ter sentido dores de parto mais intensas do que as de sua parceira – mesmo que nada de vivo tenha saído de seus ventres. Isso porque as emoções influem na fisiologia, alterando a produção de hormônios.

É o que acontece, por exemplo, na síndrome de Münchausen, em que pacientes exageram, simulam ou mesmo causam intencionalmente os sintomas de doenças para conseguir atenção, mesmo sabendo não estar enfermos. A coisa chega a extremos, como longas internações no hospital e até cirurgias desnecessárias. Material rico para o dr. House.

 

 

Síndrome do sotaque estrangeiro

Em plena 2ª Guerra, uma jovem norueguesa foi atingida na cabeça por um estilhaço de bomba. Pouco tempo depois, seus amigos e vizinhos começaram a se afastar dela. Isso porque inexplicavelmente ela começou a falar com sotaque alemão – era óbvio para eles que a mulher que conheciam havia tanto tempo era uma espiã nazista.

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Balela. O que não podiam imaginar era que seu traumatismo neurológico lhe rendeu uma condição médica raríssima: a síndrome do sotaque estrangeiro, com apenas 60 casos registrados no mundo.

Nela, traumatismos, aneurismas ou derrames causam minúsculas lesões em diversas áreas do cérebro, alterando a capacidade física de pronunciar palavras. Sílabas se prolongam, tons mudam e alguns fonemas saem diferentes. O resultado é um sotaque que soa “estrangeiro”. Isso parece inofensivo, mas não precisa ser confundido com espião nazista para sofrer preconceito por causa do sotaque. É comum que, depois da lesão, o paciente sofra bastante ansiedade social e medo de lugares públicos.

 

 

Síndrome de Jerusalém

O Muro das Lamentações se abre e revela a chegada do Messias. Um homem surge do labirinto da citadela antiga – é o Tal, em carne e osso. Prostrada na Igreja do Santo Sepulcro, uma mulher chora pela morte de seu filho, Jesus. E João Batista sai por aí, jogando água benta em turistas desavisados. Todo ano, cerca de 100 turistas sofrem da Síndrome de Jerusalém – delírios religiosos disparados por estar na cidade sagrada.

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É discutível se essa síndrome existe, pois a maioria dos pacientes já tem histórico de esquizofrenia ou de transtornos de personalidade. Mas o psiquiatra Yair Bar-El, do centro de saúde mental Kfer Shaul (que tem um ambulatório especializado em síndrome de Jerusalém), afirma que um grupo bem menor nunca teve nenhum outro transtorno. As pessoas vão à cidade como turistas normais. E aí uma série de eventos acontece.

Primeiro, são tomados por uma agitação inexplicável e decidem explorar a cidade sozinhos. Ainda no hotel, lavam-se compulsivamente, vestem os lençóis da própria cama como se fosse uma toga e saem por aí, gritando passagens bíblicas e dando sermões. Mas basta sair da cidade para voltarem ao normal.

 

 

Koro, a síndrome da castração

Primeiro, o pênis começa a diminuir, diminuir, diminuir, até que ele desapareça, engolido pelo abdômen. Depois disso, não tenha dúvida, a morte é certa. Não é de surpreender que, para se proteger, os portadores da síndrome não se desagarrem de sua genitália.

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Naturalmente, essa condição está só na cabeça das pessoas – mas dá para imaginar que, para quem sofre dela, a coisa é séria. O transtorno – que sintomaticamente quer dizer “cabeça de tartaruga”, em malaio – é uma das poucas condições culturalmente circunscritas reconhecidas pela psiquiatria. Sua primeira descrição está num texto de medicina chinês de 300 a.C. e originalmente se limitava ao sul da China, com o nome de suk yeong (“atrofia do pênis”, em cantonês). Mas a diáspora chinesa no Sudeste Asiático acabou exportando essa síndrome.

O koro acabou ficando famoso quando virou epidemia em Cingapura, em 1967. Jornais lançaram o boato de que algumas pessoas desenvolviam a condição após comer carne de porco vacinada contra gripe suína. A história começou a vender e os jornais continuaram alimentando o caso: um dos porcos vacinados teria morrido com retração peniana. Médicos chineses começaram então a dizer que a doença deveria ser tratada rapidamente com injeções e acupuntura. No total, foram identificados 469 casos, 459 deles entre descendentes de chineses (bizarramente, 15 casos foram de mulheres). O ministro da Saúde precisou dar declarações públicas para acalmar o povo. E só assim a epidemia foi eliminada.

 

 

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