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Cabelos brancos podem recuperar temporariamente a cor, indica estudo

Cientistas investigaram fios de cabelo bicolores – que possuem trechos com e sem pigmentação – e perceberam que a alternância está relacionada ao estresse.

Por Luisa Costa
Atualizado em 24 jun 2021, 17h12 - Publicado em 24 jun 2021, 17h05

Os cabelos brancos e grisalhos são conhecidos por denunciar a idade de alguém. Essa perda da coloração dos fios pode parecer uma mudança permanente, mas um estudo publicado na última terça (22) na plataforma eLife Sciences mostrou que esse processo pode ser desfeito.

Conforme passam os anos, os melanócitos – células do folículo capilar – também envelhecem. São eles que produzem a melanina que dá cor aos nossos fios – a eumelanina, pigmento que deixa o cabelo castanho ou preto, ou a feomelanina, dos cabelos ruivos e loiros.

O mecanismo fisiológico por trás da perda de cor dos cabelos já é conhecido pelos cientistas, mas a capacidade de recuperação da cor era objeto de especulações há décadas. Agora, essa nova pesquisa conseguiu as maiores evidências até o momento de que o cabelo branco ou grisalho pode se tornar colorido de novo – ao menos temporariamente.

Os pesquisadores também perceberam que os padrões de embranquecimento e pigmentação do cabelo estavam relacionados a períodos de estresse – assim, fios bicolores denunciaram períodos de bem estar ou mal estar psicológico em trechos coloridos e grisalhos, respectivamente.

A equipe de pesquisadores procurou pessoas que possuíam fios de cabelo bicolores – com pigmentação em alguns trechos e sem pigmentação em outros trechos, sendo brancos ou grisalhos. Eles encontraram 14 voluntários: homens e mulheres com idades entre 9 e 65 anos, em sua maioria brancos, com cabelos bicolores em partes diversas do corpo – couro cabeludo, face ou região pubiana.

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Então, os cientistas deram início ao estudo escaneando os fios e quantificando as sutis mudanças de cor, percebendo os padrões de pigmentação. Assim, eles perceberam que 10 dos participantes tinham fios de cabelo grisalhos ou brancos que recuperaram a pigmentação – ou seja, fios com trechos sem cor mais próximos à extremidade do cabelo e trechos coloridos mais próximos à raiz.

Isso mostrou que, uma vez grisalho, um fio de cabelo pode recuperar a cor, mesmo que temporariamente. Martin Picard, pesquisador da Universidade Columbia que participou do estudo, afirma que provavelmente o processo de embranquecimento dos fios é mais reversível quando está em seu início – na casa dos 30 anos, para a maioria das pessoas.

Então quem está mais à frente nesse processo e possui vários cabelos brancos provavelmente atingiu um ponto sem retorno. Mas mesmo assim é possível que alguns folículos capilares ainda sejam maleáveis à mudança, segundo Picard.

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Os pesquisadores também investigaram a associação entre os padrões de pigmentação nos fios bicolores dos participantes e o estresse psicológico – alguns estudos já sugeriram que o estresse pode nos deixar de cabelos brancos.

Para isso, a equipe observou a alternância entre grisalho e colorido de alguns fios e calculou quando cada mudança de cor teria acontecido, com base em uma taxa média de crescimento do cabelo humano – aproximadamente um centímetro por mês.

Cada participante forneceu um histórico dos eventos mais estressantes que havia enfrentado ao longo de um ano, e os pesquisadores puderam relacionar este histórico com o histórico de crescimento – e alternância de cor – de cada fio de cabelo.

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Assim, eles perceberam que os momentos de maior estresse correspondiam ao surgimento de cabelo grisalho, enquanto os momentos de relaxamento correspondiam a um retorno da cor nos fios de alguns participantes. E assim se dava a alternância nos fios bicolores.

Agora, os cientistas pretendem examinar melhor a ligação entre o estresse e o embranquecimento do cabelo, acompanhando participantes durante certo período de tempo – ao invés de lhes pedir que relatem os momentos de estresse de meses atrás.

Picard afirma: “É bastante claro que o cabelo codifica parte da sua história biológica de alguma forma”. “O cabelo cresce fora do corpo e depois se cristaliza nessa [estrutura] dura e estável que guarda a memória do seu passado”, afirma.

Assim, os fios de cabelo guardariam informações sobre bem estar ou mal estar psicológico em seus padrões de pigmentação ao longo do tempo, assim como os anéis das árvores contêm informações sobre seu crescimento ao longo das décadas.

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