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Brasileiros participam de missão que estudará lua de Saturno em busca de vida

Sob a crosta de gelo de Encélado, há um oceano de água líquida, moléculas orgânicas e uma fonte de calor que a tornam uma forte candidata a abrigar vida.

Por Bela Lobato
1 jun 2025, 10h00

Muitos planetas têm luas, corpos celestes que orbitam o planeta de pertinho. Aqui na Terra temos uma só, o que faz com que ela tenha o nome pouco criativo de Lua, com L maiúsculo. Mas essa não é a realidade no resto da vizinhança interplanetária: Júpiter, por exemplo, tem 95 luas, e Saturno lidera o ranking de longe com 274 – sendo 128 recém detectadas.

Dentre essas, algumas são celebridades. Titã é a maior delas, maior até que o planeta Mercúrio inteiro. Há ainda uma outra bem conhecida: Encélado. Essa lua chama a atenção de cientistas pelos seus gêiseres, que jorram vapor d’água da superfície. 

Em 2005, a sonda da missão Cassini da Nasa conseguiu coletar amostras expelidas pelos gêiseres de Encélado. “Descobriu-se que esse material era composto de água salgada, materiais orgânicos e silicato, uma composição compatível com interações entre água e rocha. Daí, concluiu-se que há um oceano subterrâneo em Encélado”, explica o professor de física Roberto Menezes, do Instituto Mauá de Tecnologia. 

Existem outras evidências para a presença do oceano, como alterações no campo magnético indicando a baixa densidade do núcleo de Encélado. Além disso, as análises de temperatura demonstram que a lua tem uma fonte interna de calor – responsável por manter a água em estado líquido debaixo da superfície gelada (cuja temperatura é de cerca de -200ºC).

“Somando tudo isso, Encélado se tornou um dos alvos do Sistema Solar mais importantes para o estudo de vida fora da Terra, porque tem três dos ingredientes essenciais para a vida: água líquida, uma fonte de calor interno e materiais orgânicos”, afirma Menezes. “Esses materiais orgânicos encontrados se assemelham aos que havia na Terra primordial.”

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Esse é um dos fatores que motiva as missões de exploração de Encélado. Uma delas, coordenada pela Agência Espacial Europeia (ESA) em parceria com o centro aeroespacial alemão DLR, terá a participação de pesquisadores brasileiros, como Menezes. Mas calma: não espere ver nenhum astronauta brasileiro (ou de qualquer outro país) pisando em uma lua de Saturno tão cedo.

Na verdade, a missão, que ainda não foi nomeada, enviará duas espaçonaves sem humanos para coletar amostras tanto da atmosfera quanto da superfície de Encélado. Os gêiseres facilitam esse processo, já que nem é preciso perfurar a crosta de gelo para coletar o material interno.

Isso deve demorar: alguns anos ou décadas separam o começo de um projeto como esse e o lançamento da nave em si, já que cientistas do mundo todo precisam se dedicar à construção de equipamentos muito complexos para garantir a segurança e eficácia da operação. 

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Depois de tudo pronto, quando as naves forem finalmente lançadas, ainda será preciso esperar sete anos – o tempo que elas levarão para alcançar Saturno. A distância entre Saturno e a Terra varia conforme os planetas se deslocam pelo espaço, claro. A menor distância entre os dois é de 1,2 bilhões de quilômetros – 8 vezes mais do que a distância entre a Terra e o Sol. Quando estão em lados opostos do Sol, os dois planetas ficam a pouco mais de 1,7 bilhão de km de distância um do outro, ou 11 vezes a distância entre a Terra e o Sol.

Os brasileiros que participarão da missão são professores e pesquisadores do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), no interior de SP. A instituição colabora com missões espaciais desde 2003, e vem se aperfeiçoando na construção de modelos de simulação das expedições.

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Nas palavras do professor de engenharia elétrica do IMT, Vanderlei Parro, esse tipo de simulador é “como um videogame realista”. O programa criado pelos pesquisadores brasileiros servirá para simular todas as funções dos equipamentos em órbita – como transmissões entre a nave e a Terra, manobras, mudanças de temperatura, coletas de material e tudo mais que se possa imaginar. 

Pelo menos os pesquisadores não terão de esperar outros sete anos para que o material coletado retorne à Terra – as análises ocorrerão dentro da própria nave, que enviará os resultados para cá. Os pesquisadores ainda não definiram quais serão os instrumentos levados a bordo – ou seja, também não há certeza ainda do que exatamente será analisado.

“O que a gente manda para o espaço é um computador com um monte de sensores para capturar as mais diversas grandezas e realidades”, explica Parro. “Podemos imaginar como se fosse um grande laboratório químico.”

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Os pesquisadores afirmam que um projeto como esse deixa um grande legado científico para o Brasil. Para além do valor recebido para construção do modelo, Parro explica que, durante o projeto, os pesquisadores aprendem muito com os requisitos e mecanismos escolhidos pelas agências europeias – na prática, isso é transferência de tecnologia. 

Ele argumenta que também há um impacto para a indústria nacional. “Todos esses softwares e hardwares desenvolvidos aqui passam milhares de horas sendo testados por grandes empresas europeias, por até 40 mil horas. Isso significa que a gente pode transferir tecnologia com maturidade para a indústria nacional”, explica. “Não dá para comprar 40 mil horas de testes de uma empresa como a Airbus, mas por meio da cooperação científica você consegue.”

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