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Bolsa Família reduziu em até 60% a tuberculose entre os mais vulneráveis

Estudo publicado no prestigioso periódico Nature mostra que o impacto do auxílio vai muito além do bolso dos beneficiários.

Por Bela Lobato
5 jan 2025, 19h00

O Bolsa Família é um dos maiores programas de transferência de renda condicionada do mundo. A categoria é chamada de condicionada porque os beneficiários do programa precisam cumprir uma série de exigências, como vacinar as crianças e garantir a presença delas na escola, por exemplo. Desde 2004, o programa já atendeu milhões de brasileiros que vivem abaixo da linha da pobreza.

Diversos estudos já mostraram impactos do programa na redução de desigualdades econômicas e sociais. Mas o impacto pode ser ainda maior: por estar associado a outros programas sociais, estudos já demonstraram que houve reduções nas taxas de mortalidade infantil, mortes por doenças cardiovasculares, casos de lepra, e casos e mortes por HIV entre os beneficiários.

Agora, um estudo analisou dados de 54 milhões de brasileiros de entre 2004 e 2015 e apontou um impacto expressivo nos casos e mortes por tuberculose entre os beneficiários do Bolsa Família. 

Financiado pelo Ministério da Saúde, pelo Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos EUA, e pelo Ministério da Ciência, Inovação e Universidades da Espanha, o estudo foi publicado na revista especializada Nature Medicine na última sexta (3).

Os pesquisadores dividiram a análise em três faixas de pobreza, e constataram que os impactos foram maiores na faixa mais pobre. Para esse grupo, a taxa de mortalidade caiu em 50%, e o resultado foi ainda melhor entre as populações indígenas. Entre o grupo menos pobre, por outro lado, não houve redução significativa nas mortes pela doença.

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A tuberculose é uma infecção correlacionada com a pobreza extrema. Isso acontece porque a transmissão acontece por via respiratória, e o bacilo de Koch, sua bactéria causadora, prospera em ambientes lotados e mal ventilados, como cortiços, albergues etc. Desnutrição, infecção por HIV e consumo de álcool também são fatores de risco.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que os mais pobres tipicamente enfrentam dificuldade de acesso ao atendimento médico adequado. “Portanto, tirar alguém da pobreza extrema pode estar associado a uma redução substancial do risco e dos fardos da tuberculose.”, escreveram os autores do novo estudo.

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“Sabemos que o programa melhora o acesso aos alimentos, tanto em quantidade quanto em qualidade, o que reduz a insegurança alimentar e a desnutrição – um dos principais fatores de risco da tuberculose – e, consequentemente, fortalece as defesas imunológicas das pessoas. Ele também reduz as barreiras de acesso à saúde”, disseram, em comunicado, as coautoras Gabriela Jesus e Priscila Pinto, ambas da FIOCRUZ.

Segundo os autores, a expansão do Bolsa Família pode ajudar o Brasil a lidar com o aumento preocupante de casos de tuberculose entre populações vulneráveis após a pandemia da COVID-19. Mas eles argumentam que as implicações dessas descobertas vão além do Brasil.

“Nosso estudo tem implicações de longo alcance para a elaboração de políticas em todos os países com uma alta carga de tuberculose”, diz Davide Rasella, coordenador do estudo, no mesmo comunicado.

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Os pesquisadores concluíram que os programas de transferência de renda condicionada não apenas ajudam a reduzir a pobreza e a desnutrição, mas também podem desempenhar um papel crucial na realização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU e das metas de erradicação da tuberculose no mundo.

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