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As rugas na tromba dos elefantes mostram se eles são destros ou canhotos

A curvatura desse órgão ajuda esses orelhudos a pegar objetos e alimentos — e um elefante pode preferir usá-lo mais para um lado do que outro.

Por Manuela Mourão
11 out 2024, 12h19

Um estudo recente revelou que elefantes, como nós, podem ser destros ou canhotos.

Embora esses gigantes não usem suas patas achatadas para manipular objetos, eles são hábeis com a tromba. E esse órgão peculiar – com aparência de nariz e talento de braço – exibe um lado preferencial ao se dobrar, que pode ser identificado pelas rugas em sua superfície. 

O time de pesquisadores mostrou que um elefante canhoto ou seja, que dobra a tromba preferencialmente para a esquerda acaba ficando com mais rugas na pele do lado direito do órgão, por causa do uso constante ao longo dos anos (mais ou menos como os tenistas, que ficam com a musculatura do braço dominante desproporcionalmente definida).

Além disso, os bigodes do elefante (sim, eles têm bigodes) ficam mais longos do lado dominante, já que entram em contato frequente com o chão, explica Andrew Schulz, um dos autores do estudo, para o Science News. O estudo foi publicado no periódico Royal Society Open Science.

“A diferença no comprimento dos bigodes é grande e relevante”, disse o Dr. Michael Brecht, coautor do estudo e pesquisador da Universidade Humboldt de Berlim, para o The Guardian. “O efeito das rugas é mais sutil, mas ainda significativo. Isso indica que os padrões de rugas são pelo menos parcialmente dependentes do uso.”

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Junto à língua de diversos mamíferos e os tentáculos de polvos, a tromba dos elefantes recebe atenção especial dos biólogos por suas contrações musculares únicos. 

Isso porque as trombas, da mesma forma que línguas e tentáculos, são classificadas como hidróstatos musculares músculos que não têm ossos por perto e que, por isso, conseguem realizar movimentos de encurtamento, alargamento, arqueamento, tensionamento e torção.

A única limitação da tromba dos elefantes em relação a uma língua é a presença de pele, que contém os movimentos da tromba, e é justamente onde as rugas aparecem. 

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A metodologia usada pela equipe envolveu uma análise da tromba de elefantes já falecidos e de fotografias desses animais vivos. Eles descobriram que a distância entre as rugas ia diminuindo quando as trombas eram analisadas da ponta até o topo ou seja, que elas eram mais rugosas no ponto em que os animais as curvam.

Além disso, o estudo revelou diferenças significativas entre as rugas das trombas elefantes asiáticos e africanos, com os elefantes asiáticos exibindo muito mais rugas profundas. A descoberta sugere que essas rugas aumentam a flexibilidade da tromba, semelhante ao que acontece nas dobras do fole de um acordeão.

Brecht explica ao jornal The Guardian que o maior número de rugas nos elefantes asiáticos deve-se provavelmente à sua maneira de agarrar objetos. Ao contrário de seus colegas africanos, que possuem duas estruturas em forma de dedo na ponta das trombas, os elefantes asiáticos geralmente envolvem esse músculo ao redor dos objetos, o que exige maior flexibilidade.

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Os pesquisadores descobriram também que os elefantes já nascem com rugas em seu narigão. Entre 80 e 150 dias de gestação, o número de rugas da tromba dobra aproximadamente a cada 20 dias antes de a taxa de aumento desacelerar significativamente.

“O tronco é um incrível e altamente especializado órgão de agarrar, com mais músculos do que qualquer outra parte do corpo nos mamíferos, perdendo apenas para a mão humana”, afirmou o coautor ao jornal inglês. Brecht observou que as rugas são únicas e estão mapeadas em neurônios no cérebro desses animais.

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