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As plantas são fofoqueiras? Entenda

Simulações matemáticas mostraram que as plantas podem inventar fofocas e fake news para distrair concorrentes que buscam os mesmos nutrientes.

Por Eduardo Lima
Atualizado em 3 fev 2025, 19h32 - Publicado em 3 fev 2025, 19h00

As plantas terrestres também se comunicam, mas em vez de usar essa habilidade de forma altruísta para avisar as colegas sobre possíveis ameaças, elas escondem sinais de sofrimento e fofocam sobre perigos inexistentes.

Isso é o que um estudo liderado por pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, e da Universidade Livre de Amsterdã, na Holanda, descobriu depois de criar modelos matemáticos para simular cenários de comunicação botânica.

Nas simulações, era uma raridade encontrar cenários em que as plantas se ajudassem. Como elas competem por luz solar e nutrientes, as espécies provavelmente se adaptaram evolutivamente para comunicar sinais mentirosos e enganosos, que podem ser benéficos só para elas.

Os resultados da pesquisa foram publicados no dia 21 de janeiro no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).

Como as plantas se comunicam

O mundo botânico também tem sua internet: a Wood Wide Web (trocadilho com world wide web, a rede mundial de computadores). Em vez de computadores e servidores, as plantas se comunicam por uma rede complexa e subterrânea de fungos micorrízicos, que se associam às raízes das plantas numa relação de mutualismo simbiótico: os fungos recebem carboidratos e as plantas ganham nutrientes em troca.

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É por meio das micorrizas que as plantas conseguem se comunicar. Se um espécime é atacado por um herbívoro ou um agente patógeno, outras plantas ligadas à mesma rede de fungos vão ativar seus mecanismos de defesa. Porém, antes desse novo estudo, havia algumas dúvidas sobre a comunicação do perigo nessa internet botânica.

Esse tipo de comunicação ativa seria contraintuitivo do ponto de vista evolutivo, porque não traria benefício nenhum para a planta que manda o aviso sobre o perigo. Por isso, os pesquisadores criaram modelos computadorizados para investigar diferentes hipóteses sobre o comportamento comunicacional das plantas.

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Com as simulações matemáticas, os pesquisadores perceberam que é muito improvável que uma planta avise suas companheiras de rede de ataques ou perigos possíveis. O que eles descobriram é que elas podem se beneficiar de um pouco de fofoca e desonestidade para confundir suas concorrentes.

Num comunicado à imprensa, o pesquisador Thomas Scott, principal autor do estudo, explicou que “as plantas podem sinalizar que um ataque herbívoro está acontecendo, mesmo quando não há herbívoro presente”. Elas fazem isso para enganar seus competidores e levá-los a gastar energia e recursos com mecanismos de defesa desnecessários. Ou seja: as plantas se comunicam, mas provavelmente para confundir umas às outras.

Se elas tendem a agir de forma egoísta e desonesta, como algumas plantas numa mesma rede de micorrizas sabem quando uma delas está sendo atacada? Os pesquisadores desenvolveram duas hipóteses. Existe a chance de que as plantas não consigam conter um sinal que revele que elas estão sendo atacadas – como os humanos não conseguem impedir o rosto de corar quando estão com vergonha, por exemplo.

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A outra hipótese envolve os fungos conectados às raízes das plantas. Quando eles percebem algum ataque, podem enviar um sinal para outras plantas na rede. Esse comportamento faria sentido evolutivo, já que os fungos se beneficiariam de proteger todas as plantas em interação mutualística com eles.

Os fungos, então, também seriam fofoqueiros: ouvem o segredo de uma planta e espalham para todas as outras da rede.

Ainda são necessários mais estudos na área para comprovar experimentalmente se as plantas realmente enviam mensagens ativamente umas para as outras sejam elas verdadeiras ou mentirosas.

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Se esse estudo for comprovado, as plantas não vão estar sozinhas no uso evolutivo da fofoca: uma pesquisa de dezembro de 2024 sugeriu que os Homo sapiens se beneficiaram do “ciclo evolutivo da fofoca”, e até ficaram menos egoístas por isso.

 

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