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Apollo 1

O desastre que quase colocou ponto final ao sonho de ir à Lua.

Por Salvador Nogueira
Atualizado em 8 ago 2019, 16h07 - Publicado em 24 jul 2019, 17h26

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O último voo do projeto Gemini foi concluído em novembro de 1966 e a Nasa estava pronta para iniciar as missões Apollo. Ou, pelo menos, ela achava que estava. O resultado foi a maior tragédia do programa, e a morte de três tripulantes – sem que eles sequer deixassem o chão. A dura lição aprendida pela agência espacial americana foi que a pressa é inimiga do astronauta.

Entre fevereiro e agosto de 1966, foram realizados dois voos de teste (AS-201 e AS-202), suborbitais e sem tripulação, com módulos de comando e serviço Apollo. Um terceiro voo (AS-203), sem uma cápsula de verdade a bordo, em julho daquele ano, ajudou a qualificar o foguete Saturn IB (versão precursora do Saturn V, “modesta”, destinada apenas a voos em órbita terrestre), e os gerentes do programa sentiram confiança em agendar o primeiro voo tripulado, AS-204, para 21 de fevereiro de 1967.

Foram escalados para a missão Virgil “Gus” Grissom, que já havia voado na Mercury e na Gemini, Edward H. White II, responsável pela primeira caminhada espacial americana na Gemini, e o novato Roger B. Chaffee. No programa, era costumeiro os astronautas acompanharem a manufatura de suas espaçonaves, e nesse caso não foi diferente. O trio chegou a manifestar sua preocupação com a quantidade de material inflamável dentro da cápsula, principalmente náilon e velcro, num veículo a ser pressurizado com oxigênio puro, potencializando incêndios.

Abandonando a antipática sigla AS-204, a tripulação estava tratando o voo como Apollo 1, e um ensaio para o lançamento estava marcado para 27 de janeiro de 1967. O chamado teste “plugs-out” consistia em preparar a nave para lançamento, com os tripulantes dentro, desconectar a nave dos sistemas de controle de solo e simular a contagem regressiva. O teste não era considerado perigoso, uma vez que nem o foguete, nem a cápsula seriam abastecidos com combustível.

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Ainda assim, as coisas não iam bem. A comunicação entre a tripulação e o centro de controle estava falhando, o que fez Grissom dizer: “Como vamos chegar à Lua se não conseguimos conversar entre dois ou três prédios?”

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A chamuscada cápsula da Apollo 1, após o incêndio que vitimou sua tripulação. (Divulgação/NASA)

Às 18h31 (hora local), uma faísca gerada por um fio desencapado dentro da cápsula iniciou um incêndio. A cápsula só podia ser aberta por fora, num procedimento lento. A atmosfera de oxigênio sob alta pressão fez o fogo se alastrar a enorme velocidade. Do primeiro grito de incêndio por Grissom à ruptura da parede interna do módulo de comando, gerada pelo súbito aumento da pressão, se passaram 15 segundos. Os astronautas pararam de gritar um pouco antes, mortos por asfixia antes de serem carbonizados.

O Projeto Apollo só iria realizar seu primeiro voo tripulado dali a 20 meses, em 11 de outubro de 1968.

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