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Âncoras estão causando danos à vida marinha da Antártida, revela estudo

Vídeos inéditos mostram o impacto invisível da navegação nos seres vivos que habitam o fundo do oceano – incluindo esponjas que vivem até 15 mil anos.

Por Bruno Carbinatto
19 jun 2025, 10h00

Um novo estudo revelou, pela primeira vez, o impacto negativo que âncoras de navios causam à vida marinha que habita o fundo do oceano antártico. Os vídeos mostram como os pesos e as correntes transformam áreas específicas em “desertos de vida”, sem a presença de esponjas-do-mar, aranhas-do-mar e demais seres aquáticos.

Os registros foram feitos por cientistas da Kolossal, uma ONG americana que atua na área de preservação ambiental, e de institutos de pesquisa canadenses e neozelandeses. Os vídeos estão publicados num artigo na revista científica Frontiers in Conservation Science.

Inicialmente, os pesquisadores buscavam registrar imagens de animais raros que habitam o fundo do oceano antártico, como lulas elusivas, quando perceberam grandes ranhuras no solo, indicando impactos de âncoras. 

O que mais chamou a atenção foi o fato de que dava para perceber claramente: nessas regiões não havia praticamente nenhum ser vivo, diferentemente da abundância de biodiversidade em áreas que não haviam sido afetadas. Eles decidiram, então, investigar a questão a fundo.

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Com câmeras submarinas, eles filmaram 36 locais diferentes próximos à península Antártica e à ilha Geórgia do Sul.

Nos vídeos, é possível perceber as ranhuras no chão e a falta de vida na região – dá até para encontrar uma ou outra esponja-do-mar esmagada. Quando as âncoras e as suas correntes se arrastam no substrato, matam tudo na área – muitas dessas formas de vida, aliás, não se movem, como é o caso das esponjas. Esses ecossistemas, por sua vez, podem levar décadas até retomarem o patamar de diversidade inicial depois da destruição.

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Contrastando com essa visão, outros vídeos mostram áreas intactas e cheias de vida, com formas e cores diferentes.

Perto de uma ranhura, os pesquisadores filmaram três esponjas-vulcão-gigantes (Anoxycalyx joubini) que escaparam por pouco da destruição. Esses organismos podem chegar a dois metros de altura e têm vidas extremamente longas – algumas estimativas falam que uma única esponja pode viver até 15 mil anos. Isso, é claro, se não forem mortas por correntes antes.

Além destes animais para lá de especiais, a equipe também flagrou vários outros bichos, como estrelas-do-mar, polvos, peixes e as gigantescas aranhas-do-mar (veja abaixo). Muitas destas espécies vivem exclusivamente no oceano antártico, e por isso sua preservação é tão importante.

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“Em geral, as atividades na Antártida têm regras muito rígidas em relação à conservação,  mas a ancoragem de navios é quase completamente desregulamentada”, diz o autor do estudo Matthew Mulrennan, cientista marinho e fundador da ONG Kolossal.

Os pesquisadores lembram que, entre 2022 e 2023, pelo menos 195 navios ancoraram na Antártida – principalmente embarcações de pesquisa, pesca ou turismo; esse número, no entanto, deve ser muito maior, já que inclui apenas barcos com licença formal para navegar por lá. 

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Ainda assim, o problema é pouco estudado – esse foi, vale lembrar, o primeiro projeto de documentação destes danos.

“A ancoragem é provavelmente a questão de conservação dos oceanos mais negligenciada em termos de perturbação global do fundo do mar”, diz Mulrennan. “É uma questão ambiental urgente, mas que está longe dos nossos olhos.”

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