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Alguns peixinhos de aquário são mais covardes que outros

Cientistas analisaram como 105 lebistes respondiam a momentos de estresse. Apesar de idênticos na aparência, eles mostraram ter personalidade própria

Por Guilherme Eler
28 set 2017, 16h37

Apesar da rotina dentro da caixa de vidro ser um tédio só para todo mundo, cada peixe lida com os problemas do confinamento da sua própria maneira. Pelo menos, é o que indica um novo estudo da Universidade de Exeter, na Inglaterra. Os resultados sugerem que esses bichos, mesmo quando idênticos na aparência, possuem personalidades surpreendentemente complexas – e também sentem medo de forma diferente.

“Ao serem colocados em um ambiente a que não estavam acostumados, os peixinhos mostraram ter várias estratégias diferentes para lidar com momentos de estresse. Enquanto alguns tentaram se esconder, outros deram um jeito de escapar ou encararam a situação”, explicou Tom Houslay, em comunicado.

O comportamento apareceu durante experimentos com 105 lebistes (Poecilia reticulata), peixes bastante utilizados para fins ornamentais e conhecidos aqui no Brasil também como guppys ou barrigudinhos. Para monitorar cada um deles, os pesquisadores injetaram polímeros coloridos debaixo de suas escamas. Isso facilitou que eles fossem acompanhados e filmados dia e noite, durante o período de testes.

Os testes, basicamente, consistiam em estressar deliberadamente os moradores do aquário, a cada três dias, durante quatro semanas. Essas situações envolviam expor os peixinhos a possíveis predadores, como uma garça de mentira, controlada com a ajuda de polias – a quem os cientistas deram o nome de “Grim”. Outro recurso foi colocar rente ao vidro um peixe grandalhão da classe dos Ciclídeos (que ganhou o nome de “Big Al”), só para botar medo nas cobaias menores.

As reações, segundo Houslay contou ao Washington Post, foram as mais diferentes. Fugir para as colinas, fingir-se de morto para passar despercebido ou nadar loucamente para cima e para baixo, tentando escapar do campo de visão do inimigo. Medindo o tempo que cada um permanecia escondido, ou por quanto tempo ficavam paralisados em frente às ameaças, os pesquisadores conseguiram determinar quem do grupo estava entre os mais destemidos e quais dos peixinhos eram os mais covardes. 

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A ideia do grupo, agora, é entender se esses traços também tem relação genética – ou se dependem mais do ambiente em que os peixes vivem. Para isso, os cientistas estão cruzando indivíduos que participaram dos testes, para ter toda uma nova safra de lebistes corajosos e medrosos para investigar a personalidade. Filho de peixe, peixinho é? Bom, não necessariamente.

O estudo foi publicado no jornal Functional Ecology.

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