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A Terra como ela é, via satélite

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h51 - Publicado em 15 jan 2010, 22h00

A foto acima mostra uma imagem ao mesmo tempo conhecida e inédita. Conhecida, por representar o planeta como as projeções cartográficas habituaram o homem a vê-lo. A América do Sul, por exemplo, tem a cara da América do Sul apresentada nas aulas de Geografia. Inédita, por ser o resultado das modernas técnicas de transmissão de dados aliados à arte da computação gráfica. Para obtê-la, dois americanos passaram dois meses limpando literalmente à mão centenas de imagens do planeta obtidas por satélites e armazenadas em computador. Assim, conseguiram apagar as nuvens dos retratos para que o mundo se mostrasse como no mais límpido dos dias. Um feito e tanto, pois cerca de 60% da superfície terrestre estão sempre encobertos.

De fato, tão difícil quanto contemplar o céu totalmente azul, sem nuvens, é enxergar a Terra do espaço sem que pelo menos uma parte de sua superfície esteja encoberta. Isso pode ser demonstrado pelas fotos dos satélites meteorológicos – aquelas que aparecem todos os dias na página de previsão do tempo dos jornais. Lloyd Van Warren, especialista em computação do Laboratório de Jatopropulsão da NASA, em Pasadena, e o artista plástico Tom Van Sant, ambos da Califórnia, conseguiram a proeza de fazer um mapa do mundo, como ele seria visto sem a proteção da atmosfera. Ao usar o computador para limpar as nuvens de centenas de fotos fornecidas pelos satélites AVHRR (sigla em inglês para Radiômetro Avançado de Altíssima Resolução), Warren criou o primeiro arquivo de dados com todas as imagens da Terra guardadas desde 1976.

Acostumado a ter a Informática como auxiliar no fechadíssimo círculo de pesquisas espaciais, o cientista aliou-se a Van Sant, escultor e ambientalista, para mostrar o planeta a seus habitantes. Partindo do princípio de que “softwares não causam o mesmo impacto emocional de um globo real”, eles estão terminando a GeoSphere, uma versão ampliada dos globais comumente usados nas aulas de Geografia, com pouco mais de 2 metros de diâmetro. A imagem da Terra sem nuvens foi registrada no disquete de uma câmera digital para ser reproduzida numa tela de vídeo de alta definição, duas vezes melhor do que os monitores tradicionais; em seguida, foram tomadas 36 fotos, impressas numa película para aderir à superfície da GeoSphere como a casca de uma laranja. Quando fica pronto – a data ainda não está definida -, o globo será usado para simulações de clima e mudanças ambientais.
Cercado por quatro ou cinco projetores de imagens, a GeoSphere pode mostrar, por exemplo, o processo de desmatamento da Amazônia, a desertificação na África ou a direção dos ventos e corretes marítimas. Um segundo modelo GeoSphere, com 6,4 metros de diâmetro e resolução de imagens de até 1 quilometro de largura, terá também o relevo esculpido conforme as indicações dos satélites. A iluminação feérica das grandes cidades será mostrada com o auxílio de fibras óticas acionadas por controle remoto, junto com um motor que simulará o movimento de rotação da Terra. Na abertura dos jogos da Copa do Mundo, a TV italiana exibiu imagens de computador do globo terrestre girando, para localizar os países cujas seleções iam se enfrentar. Com a GeoSphere, será possível ver uma imagem como essa ao vivo. À medida que o sistema de movimentação da lente zoom avançar, a TV mostrará a Terra como ela é – em detalhe.

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