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A pesquisadora brasileira que busca novas terapias contra o câncer de pele

A brasileira Andreia Melo tenta entender porque o melanoma das mucosas resiste à imunoterapia – o que pode levar a tratamentos mais eficazes.

Por Maria Clara Rossini
Atualizado em 25 jul 2022, 10h40 - Publicado em 2 out 2020, 22h13

Quem acompanha o Instagram da SUPER já conhece o #MulherCientista: a seção em que nós explicamos a vida e obra de mulheres lendárias (e esquecidas) do mundo acadêmico. Agora, em vez de contar a história de mulheres do passado, nossa repórter @m.clararossini vai entrevistar cientistas brasileiras do presente – e entender suas contribuições para um país em que a ciência anda tão negligenciada. Esses posts vão passar a aparecer também no nosso site. Até o próximo final de semana! 

A imunoterapia foi um dos maiores avanços da medicina contra o câncer das últimas décadas. O tratamento estimula o próprio sistema imunológico do paciente a agir contra o tumor. Ela prolonga a vida de pacientes que antes não tinham possibilidade de cura, e já é a melhor alternativa para muitos tipos de câncer – mas não todos.

É o caso do melanoma de mucosa. Esse é o tipo mais grave de câncer de pele, pois tem mais chances de se espalhar para outros órgãos. O nome “melanoma” faz referência às células que dão a pigmentação da pele, os melanócitos. Enquanto boa parte dos melanomas respondam bem à imunoterapia, o sucesso não é o mesmo quando o câncer encontra-se nas mucosas, como a boca e nariz.

Ninguém sabe por quê. E é nessa anomalia que a oncologista Andreia Melo está interessada. Ela trabalha em um projeto que avalia mais de 20 anos de registros de pacientes com melanoma de mucosa no INCA, Instituto Nacional de Câncer. O objetivo é descobrir quais características estão relacionadas a um melhor ou pior desfecho da doença. Atualmente, a sobrevida mediana para pacientes com melanoma de mucosa em estado metastático (que já está se espalhando pelo corpo) é inferior a um ano.

A pesquisa só é possível porque o Instituto guarda biópsias dos melanomas junto com as informações clínicas desses pacientes. Assim, a oncologista pode analisar as amostras em laboratório e encontrar marcadores biológicos que expliquem a resposta positiva ou negativa aos tratamentos. 

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Um dos objetivos de Andreia é quantificar a presença de duas proteínas em específico: a PD-L1 e PD-1. A primeira é produzida pelo câncer para se ligar à segunda, que fica na superfície das células do sistema imunológico – e serve como uma espécie de botão que interrompe a reação do corpo ao tumor. Dessa forma, o câncer consegue se espalhar sem encontrar resistência. 

Os resultados da pesquisa podem ajudar a propor tratamentos mais eficazes ao melanoma de mucosa, oferecer maior qualidade de vida aos pacientes diagnosticados com o câncer. A pesquisa rendeu a Andreia o prêmio Para Mulheres na Ciência, da Academia Brasileira de Ciências, L’Oréal e Unesco Brasil.

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