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A indústria farmacêutica esconde os estudos que não dão certo – e manipula os que dão

Por Fernanda Ferrairo e Bruno Garattoni
Atualizado em 13 nov 2019, 14h17 - Publicado em 4 ago 2016, 17h30

20 SEGREDOS QUE OS MÉDICOS NÃO CONTAM
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A criação de novos remédios é financiada, principalmente, pela indústria farmacêutica. E é natural que seja assim. Mas, como a indústria controla os estudos, pode interferir neles.

Nos EUA, os laboratórios são obrigados a publicar todos os resultados de seus testes em um banco de dados mantido pelo governo. Mas uma análise feita em 2013 e publicada no jornal científico Nature constatou que apenas 50% são publicados. O resto, não – e isso pode ter consequências terríveis. Em 2004, o laboratório GlaxoSmithKline foi processado pelo Estado de Nova York, que acusou a empresa de omitir dados apontando que o antidepressivo Paxil causava pensamentos suicidas em crianças. A empresa fez um acordo judicial, e liberou os dados.

Os resultados também podem ser, pura e simplesmente, manipulados. Um dos casos mais famosos envolve o Vioxx, remédio indicado para tratar artrite e dores menstruais. Foi um sucesso, chegando a render US$ 2,5 bilhões anuais a seu criador, o laboratório Merck. Só tinha um problema: se usado por mais de 18 meses, dobrava o risco de ataque cardíaco. A coisa foi parar na Justiça, onde um cardiologista afirmou que a empresa sabia do risco – mas omitiu a informação.

Para piorar, o médico americano Scott Reuben, autor de 21 estudos sobre o remédio, admitiu ter forjado dados (enganando o próprio laboratório). A empresa fez um acordo judicial, se comprometendo a pagar US$ 950 milhões em indenizações, e tirou a droga do mercado.

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