37 bilhões de toneladas: esta é a conta mundial de CO2 em 2018
Aumento de 2,7% em relação a 2017 liga sinal de alerta para o cumprimento das metas mundiais estabelecidas no Acordo de Paris, e que valem a partir de 2020
O ano sequer chegou ao fim e já é possível prever uma nova quebra de recorde preocupante: a pegada de carbono que a humanidade deixou na atmosfera em 2018 é novamente a maior da história.
A afirmação, feita por um levantamento do Global Carbon Project, que monitora emissões por todo mundo, enterrou a esperança de que os países conseguissem manter os avanços na emissão de gases de efeito estufa dos últimos anos.
Entre o período que se estendeu de 2014 a 2016, não houve variação significativa na quantidade produzida de um ano para o outro. Em 2017, no entanto, o incremento foi de 1.7% em relação a 2016.
Neste ano, atingimos preocupantes 2.7% de aumento – totalizando o montante histórico de 37.1 bilhões de toneladas.
O relatório “Orçamento de carbono” 2018 foi produzido por 76 cientistas, de 15 países, e aponta o pico de CO2 em 2018 em duas frentes principais. Primeiro, o aumento do consumo de carvão mineral, fonte de energia altamente poluente por economias em ascensão como Índia e China. Depois, a ampliação do uso de combustíveis fósseis em setores estratégicos como o transporte e a indústria.
O documento foi apresentado em uma conferência climática da ONU (Organização das Nações Unidas) que aconteceu em Katowice, na Polônia, e reuniu mais de 200 países signatários de Acordo de Paris.
Principal documento internacional que regula a emissão de gases de efeito estufa, o Acordo de Paris propõe que países se esforcem para que a temperatura do planeta não ultrapasse os 2ºC até 2020 – ficando, idealmente, abaixo dos 1,5º C. Para a tarefa, cortar o total de gases nocivos ao ambiente é nada menos que fundamental. Eles não são chamados “gases de efeito estufa” à toa: devido a suas características químicas, ficam represados na atmosfera, aumentando a temperatura do planeta.
Ainda que o Brasil tenha puxado a fila e alcançado de antemão suas metas de emissão para 2020, esse empenho ainda não é acompanhado por algumas das principais economias do mundo – e, por tabela, poluidores de peso. Nos Estados Unidos, o aumento ficou na casa dos 2.5%. China, principal poluidor do mundo, e Índia (quarto maior) registraram alta de 4.7% e 6.3%, respectivamente, em comparação ao ano anterior.
Completam o top 10 de emissores os países da União Europeia (que, juntos, ocupam a terceira colocação), Rússia, Japão, Alemanha, Irã, Arábia Saudita, Coreia do Sul e Canadá.
O aumento repentino indica que nações não tem cumprido o tratado ambiental assinado há três anos. A tendência era que, para chegar a 2020 aptos a adotar médias do Acordo de Paris, a redução observada nos países fosse mais gradual – e o corte, assim menos drástico. E as previsões para o ano que vem também não são animadoras. Pesquisadores acreditam que esse aumento repentino de emissões a partir de combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás natural) observado pode fazer com que 2019 repita um patamar de crescimento elevado.