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Alexandre Versignassi

Por Alexandre Versignassi Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Blog do diretor de redação da SUPER e autor do livro "Crash - Uma Breve História da Economia", finalista do Prêmio Jabuti.

A revolução industrial do Tinder

Se um economista fosse analisar o mercado da sedução, concluiria que ele é mais ineficiente que as ex-empresas do Eike. O que não falta são dificuldades operacionais, custos insanos e riscos desmedidos. Ir para uma balada, por exemplo: sai caro, demanda um baita tempo e, pelo menos para os homens, ainda tem o fator Rocky […]

Por Alexandre Versignassi Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
6 jan 2014, 16h26 • Atualizado em 3 set 2024, 10h29
  • tinder

    Se um economista fosse analisar o mercado da sedução, concluiria que ele é mais ineficiente que as ex-empresas do Eike. O que não falta são dificuldades operacionais, custos insanos e riscos desmedidos. Ir para uma balada, por exemplo: sai caro, demanda um baita tempo e, pelo menos para os homens, ainda tem o fator Rocky Balboa: “Não importa quantos socos você consegue dar, mas quantos você consegue tomar”, diz Rocky. Na noite funciona igual: suportar uma sequência de foras e manter a fleuma é fogo. Coisa para campeões.

    Mas esse mercado talvez já tenha mudado. Para sempre. E para melhor, graças a aplicativos que deixam a operação de conquista mais enxuta. É o caso do Tinder. Para quem não conhece: se a sua avó visse a interface da coisa, iria achar que se trata de um jogo de cartas com polaroids no lugar do baralho. Primeiro, você entra no app e seleciona o perfil das pessoas com quem quer “jogar”, tipo “mulheres de 25 a 35 anos”. Nisso, o app mostra a foto de alguma mulher dessa faixa etária cadastrada ali. Se você gostou, dá um like. E vem outra foto. Se não gostou, dispensa. E vem outra foto… Bom, lá do outro lado, alguma mulher selecionou ver homens. E ela pode ter dado um like em você. Se você também deu um nela, parabéns: o Tinder avisa que rolou um “match” ali, que vocês se gostaram. E abre uma espécie de WhatsApp para a conversa começar.

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    Não fica nisso. O app dá preferência para mostrar gente que esteja geograficamente perto de você, o que facilita a transformação do encontro virtual num de verdade. No fim das contas, cinco minutos de Tinder acabam valendo por cinco horas de balada. É um ganho de eficiência comparável ao da Revolução Industrial.  E com um extra: você não sente quando toma um fora. Se der like em alguém e não receber um de volta, pode se confortar com a ilusão de que o outro não viu sua foto lá no meio.

    Não que tudo isso seja 100% novo. A internet e a sedução andam de mãos dadas desde o Cambriano Inferior – quando trilobiotas caçavam membros dos sexo oposto no chat do UOL. Mas a coisa estava longe do ideal: você precisava de uma fé razoável para acreditar que o ser humano que se identificava como “gatinhamanhosa” era de fato gatinha, ou manhosa, ou mulher. As salas de chat, enfim, eram bem menos eficientes que as baladas.

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    Para resolver isso, em pouco tempo apareceram os sites dedicados especificamente à conquista, com softwares que ajudavam a selecionar pares. Vieram o OkCupid, o Match.com, o Parperfeito… Seja como for, você precisa fornecer um monte de informações para a coisa funcionar: só o OKCupid exige o preenchimento de formulários com centenas de perguntas. Uma burocracia soviética.

    O Tinder dribla tudo isso. E com tecnologias que, nem de longe, foram criadas para facilitar conquistas amorosas. O GPS começou como um sistema militar nos anos 70. Depois migrou para o mundo civil, até alcançae a onipresença absoluta. E agora permite que solteiros encontrem outros solteiros no mesmo bairro. Com os smartphones é parecido. Eles nasceram para levar o poder de computação de um PC para o bolso. E agora esse poder ajuda a selecionar parceiros – à velocidade da luz. Mais: quem verifica a identidade das “gatinhasmanhosas” de hoje, com alguma segurança, é o Facebook, que surgiu para… Não. Mark Zuckerberg criou sua rede justamente como uma brincadeira sexual. Foi em 2003, quando estudava em Harvard e desenvolveu o avô do Face de hoje, o Facemash. O programa colocava na tela duas fotos de meninas da universidade, uma ao lado da outra, e os estudantes votavam em qual era a mais bonita. Aí vinha outro par de fotos. E mais outro… Tosco. Mas ainda assim parecido com o que o Tinder faz hoje. Certas coisas nunca mudam… Só ficam mais eficientes.

    O perigo é que a coisa seja eficiente demais. É que o jogo tradicional da conquista também serve para os parceiros em potencial mostrarem suas habilidades em situações adversas – como o ambiente competitivo de uma balada, ou do campus da faculdade, ou do trabalho. Sem esse elemento, encontrar a melhor tampa para a sua panela talvez fique é mais difícil. E isso não tem nada de eficaz.

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    Fiz este texto com o Pedro Burgos, editor do genial Oene, para a Super de janeiro.

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