Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Imagem Blog

Alexandre Versignassi

Por Alexandre Versignassi Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Blog do diretor de redação da SUPER e autor do livro "Crash - Uma Breve História da Economia", finalista do Prêmio Jabuti.

A greve dos caminhoneiros é uma aula prática de economia

Paralização do País mostra que não existem soluções simplórias num mercado complexo como o do abastecimento de petróleo

Por Alexandre Versignassi Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 24 Maio 2018, 16h03 - Publicado em 24 Maio 2018, 12h52

O que está acontecendo agora é uma aula de economia. O congelamento no preço da gasolina na boca da refinaria tinha deixado a Petrobras à beira da falência – a empresa não gerava caixa para rolar suas dívidas, e tinha perdido o acesso ao mercado de crédito. Teve de pedir socorro à China para evitar calotes em troca uns bons milhões de barris abaixo do valor de mercado.

A solução era óbvia: deixar o preço da gasolina (e do diesel) na refinaria flutuar diariamente de acordo com os preços internacionais. “É assim com o feijão, por que não seria com os derivados de petróleo?”, perguntou outro dia o presidente da Petro, Pedro Parente. A expectativa de que a medida viesse, e a chegada efetiva dela, em 2016, fizeram com que as ações da petroleira subissem 400%, de R$ 5 para R$ 25. A Petrobras voltou a contar com crédito barato, a dívida baixou, e ficou tudo certo.

Mas faltou combinar com os russos (e com os árabes, e com o Trump, e com os caminhoneiros). Os estoques internacionais de petróleo baixaram. A OPEP não aumentou a produção. Trump deu uma bandada no Irã (o que diminui mais ainda a oferta de óleo, aumentando o preço).

A Petrobras, por uma questão de coerência, manteve os reajustes diários, quase sempre para cima, acompanhando a subida vertiginosa do barril na gringa.

Continua após a publicidade

E agora fica claro que a decisão mais óbvia não era tão simples. A conta ficou alta demais para uma parte fundamental da clientela – o transporte rodoviário de mercadorias. Os caminhoneiros entraram em greve, e o país parou – quase literalmente. O governo, então, pressionou a Petrobras. E voltou o controle de preços. A credibilidade na gestão Parente ruiu, e as ações da empresa caem em ritmo de crash de bolsa – sinalizando que o acesso da Petrobras ao crédito barato, que tinha salvado a companhia, deve secar.

Abastecimento de petróleo não é um problema trivial. Os EUA proibiram a exportação de petróleo americano entre 1975 e 2016 justamente para evitar a influência de preços internacionais sobre o abastecimento. E estamos falando de governos mais amigos do mercado do que a média americana – dois mandatos de Reagan e três da família Bush.

Esta seria a solução para o Brasil? Não dá para saber. Houvesse competição no mercado nacional de petróleo, a disputa por mercado poderia levar a preços razoáveis. Por outro lado, precisaríamos de uma medida protecionista, como a dos EUA, para evitar desabastecimento. Mesmo assim, trata-se de uma discussão filosófica, já que levaria uma geração até que a Petrobras perdesse seu monopólio.

Continua após a publicidade

No fim, nem a cartilha liberal nem a da esquerda trazem a solução completa. O caso de agora joga na cara de todos o fato de estarmos metidos num mundo bem mais complexo que o dos debates pueris dos acadêmicos bebedores de Toddynho, os que acham que a economia é algo tão simples e maniqueísta quanto um episódio do He-Man. Não tem Esqueleto na vida real, meu irmão. O grande inimigo a ser vencido é a nossa prepotência.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY
Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 10,99/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.