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Covid leve pode deixar sequelas cognitivas

Danos incluem falta de atenção, aponta estudo da USP.

Por Bruno Garattoni Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
20 ago 2024, 12h00

Nos últimos anos, vários estudos mostraram que a Covid moderada ou grave pode causar danos neurológicos. Mas, agora, pesquisadores da USP constataram que mesmo casos leves da doença podem deixar sequelas cognitivas.

Eles avaliaram 302 pessoas que tiveram Covid há 18 meses ou mais – e encontraram resultados preocupantes (1). Conversamos com o psicólogo Antônio de Pádua Serafim, autor principal do estudo.

No estudo, os problemas mais frequentes foram na capacidade de prestar atenção e na habilidade visuoconstrutiva. O que é essa habilidade, e como é medida?

O processo visuoconstrutivo é uma atividade complexa do cérebro, envolvendo percepção visual, memória e coordenação motora. A gente usa um teste chamado Figura Complexa de Rey. É uma figura com vários segmentos. A pessoa visualiza e transcreve aquilo, ela faz uma cópia. O teste avalia o quanto ela se atenta aos detalhes, o quanto ela reproduz aquela figura de forma idêntica ou o quanto ela percebe cada elemento.

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E por que a Covid, mesmo leve, pode deixar sequelas cognitivas? Ainda não há consenso sobre isso. Mas quais são os possíveis mecanismos envolvidos?

O vírus provoca um quadro inflamatório geral, inclusive neuroinflamatório. Há algumas hipóteses, como ele potencializar a liberação de citocinas [proteínas que, em excesso, podem desencadear um ataque imunológico aos tecidos do organismo]. A grande discussão hoje é: qual o desfecho dessa inflamação no sistema nervoso central?

O estudo detectou sequelas cognitivas em 11,9% dos participantes que tiveram Covid leve. Hoje a grande maioria das pessoas já pegou Covid pelo menos uma vez. À luz dos resultados do estudo, dá para afirmar que uma parcela relevante da sociedade pode estar carregando alguma sequela cognitiva?

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Sem dúvidas. Nós devemos ter um número até maior. Tem estudo já especulando em torno de 20% das pessoas [carregando sequelas]. Muitas vezes, a pessoa se esquece das coisas e acha que está estressada, cansada, ela não associa isso [a consequências da doença].

Considerando isso, e a onipresença da Covid, o que poderia ser feito em termos de reabilitação cognitiva?

Nós temos utilizado experimentalmente, tanto no Hospital das Clínicas como aqui no Instituto de Psicologia da USP, um sistema chamado neurofeedback, que é uma atividade de mapeamento das ondas cerebrais combinada com estimulação cognitiva. Essa técnica, originalmente usada com pessoas que sofreram lesão encefálica, tem se mostrado bastante promissora. 

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Fonte 1. “Cognitive performance of post-covid patients in mild, moderate, and severe clinical situations”. A Serafim e outros, 2024.

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